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Núcleo de atuação da Abin tentou ligar ministros do STF ao PCC, indica investigação

A apuração também mostrou que os investigados criaram uma estrutura paralela dentro da agência

Brasília|Gabriela Coelho, do R7, em Brasília

Núcleo da Abin tentou ligar ministros do STF ao PCC
Núcleo da Abin tentou ligar ministros do STF ao PCC Agência Brasil

A Polícia Federal apontou que um dos núcleos de atuação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) tentou associar deputados federais e ministros do Supremo Tribunal Federal à organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). A informação está na decisão do ministro Alexandre de Moraes, que determinou busca e apreensão em endereços ligados ao deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). 

Na decisão, Moraes afirma que a Polícia Federal apontou que a alta direção da Abin teria sido instrumentalizada "para fins ilícitos de monitoramento de alvos de interesse político". A cúpula do órgão era formada por policiais federais cedidos durante a gestão de Ramagem.

A operação da Polícia Federal desta quinta-feira fez buscas em endereços no Distrito Federal, Minas Gerais e Rio de Janeiro, entre eles o gabinete do deputado federal. A RECORD e o R7 procuraram a assessoria de Ramagem, que disse que não se posicionaria no momento.

A PF também suspendeu sete policiais federais do exercício das funções públicas. As ações desta quinta-feira (25) fazem parte das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em outubro de 2023.


PF esteve na casa de Ramagem no DF
PF esteve na casa de Ramagem no DF Reprodução/Governo Federal

A apuração mostrou que os investigados criaram uma estrutura paralela dentro da agência. "[O grupo] utilizou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal", explicou a PF.

A PF também revelou que a Abin foi utilizada para monitorar ilegalmente ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo fontes ligadas à corporação, os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes estão na lista de suposta espionagem irregular.


Os mandados de busca e apreensão são cumpridos nas seguintes cidades:

- Brasília (DF) – 18 mandados;


- Juiz de Fora (MG) – 1 mandado;

- São João Del Rei (MG) – 1 mandado;

- Rio de Janeiro (RJ) - 1 mandado.

Caso os crimes sejam comprovados, os suspeitos podem responder por invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

Operação Última Milha

Em 2023, a PF descobriu indícios do uso de mais ferramentas de espionagem ilegal por servidores da Abin — entre elas um programa de invasão de computadores que permitia acesso a todo o conteúdo privado dos alvos. Os softwares foram encontrados nos equipamentos apreendidos durante as buscas. As informações foram repassadas à RECORD por uma fonte da corporação.

A suspeita é que os investigados usavam “técnicas que só são permitidas mediante prévia autorização judicial”.

Sistema de espionagem foi usado ilegalmente
Sistema de espionagem foi usado ilegalmente Antonio Cruz/Agência Brasil - 02/03/2023

Em 20 de outubro do ano passado, a PF revelou que um sistema de geolocalização da Abin para dispositivos móveis, como celulares e tablets, teria sido usado em monitoramentos ilegais por servidores mais de 30 mil vezes em dois anos e meio. Entre os alvos da espionagem irregular estariam ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), jornalistas, políticos e adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A PF também cumpriu 25 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, em São Paulo, em Santa Catarina, no Paraná e em Goiás. Os agentes encontraram mais de US$ 171 mil em espécie na casa de um dos suspeitos, em Brasília. Além disso, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou o afastamento de outros cinco funcionários da Abin.

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