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Estudo da UnB revela que 80,7% dos detentos no DF tiveram Covid

Pesquisa ainda chama atenção para subnotificação de casos. Governo local registrou infecções entre 18,67% dos detentos

Brasília|Jéssica Moura, do R7, em Brasília

Complexo Penitenciário da Papuda
Complexo Penitenciário da Papuda Complexo Penitenciário da Papuda

Um estudo desenvolvido por pesquisadores da UnB (Universidade de Brasília) aponta que 80,7% dos detentos no Distrito Federal já tiveram Covid-19 ao longo da pandemia. O objetivo da pesquisa é compreender como o coronavírus está se espalhando em camadas sociais específicas.

O resultado destaca a subnotificação oficial dos diagnósticos, já que, segundo os dados da Secretaria de Assuntos Penitenciários (Seape), 18,67% dos quase 14 mil presos contraíram a infecção entre 4 de abril de 2020 e 31 de janeiro deste ano.

A pesquisa é comandada pelo professor Wildo Navegantes, do curso de Saúde Coletiva. Ao todo, 460 pessoas foram testadas entre os meses de junho e julho de 2020, o que indicou a proporção. Em fevereiro, o grupo de pesquisadores pretende aplicar até 1.280 testes nos presos que ainda estão no Centro de Detenção Provisória.

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“A densidade populacional é maior que a população comum, o que induz menor distanciamento social. E as celas têm umidade mais alta do que outros espaços, o que favorece maior dispersão das gotículas em suspensão", pondera o pesquisador Wildo Navegantes. "Por vezes, há uma única oferta de ponto de água, o que pode minimizar a lavagem das mãos como medida de controle, por exemplo”.

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Pelo balanço da Seape, desde o início da pandemia, 3.578 casos de Covid-19 foram diagnosticados no sistema prisional. Desses, 77,7% (2.793) foram identificados entre os detentos e 22,3% (785), entre os agentes públicos.

Quanto às mortes, 12 foram contabilizadas em todo o sistema: quatro óbitos foram de policiais penais e servidores da Seape e da Saúde, que atuam nos presídios. Outros oito presos morreram no período em decorrência da doença. Atualmente, há um detento internado com a infecção. Mais 129 estão contaminados pela Covid-19 e 153 cumprem quarentena na Centro de Detenção Provisória II, com suspeita do contágio.

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Vacinação

O governo local imunizou os agentes prisionais e os detentos com a dose única da vacina da Janssen. A vacinação em massa desse público foi concluída em julho do ano passado. Em 3 de janeiro desse ano, com o avanço dos contágios na população em geral, a dose de reforço da Janssen e da Pfizer passou a ser aplicada. Com isso, 14.954 detentos foram vacinados.

"Com a emergência de novas variantes de preocupação, como a Ômicron, acredito que tanto os policiais e os profissionais de saúde que lá atuam como a população privada de liberdade já deveriam estar imunizados com a terceira dose, principalmente com a grande circulação que há neste momento", argumentou Wildo Navegantes.

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Visitas presenciais

Oito dias depois da aplicação da dose de reforço, a VEP (Vara de Execuções Penais) suspendeu as visitas presenciais. A medida pretendia conter o surto de Covid-19 e influenza no Complexo penitenciário da Papuda. A proibição foi revista nesta segunda-feira (31), quando a visitação foi retomada.

Testes

Na decisão da juíza Leila Cury, da VEP, uma das exigências para retomada das visitas era justamente a testagem dos detentos com os testes rápidos de antígeno, que deveria ser aplicado nos internos que entrassem no complexo. Além disso, a decisão ainda prevê que pelo menos um detento com sintoma gripal por cela deveria ser submetido ao exame.

Mas o estudo da UnB aponta que o teste rápido foi menos sensível do que o teste feito em laboratório, identificando apenas 52% dos casos de infecção. "Os testes rápidos não são tão sensíveis e não devem mais ser usados para entender a magnitude de exposição ao vírus", ressalta o professor Wildo Navegantes.

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