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Nova medida provisória sem reoneração da folha é 'decisão sensata' do governo, diz relatora

Governo estuda a possibilidade de enviar um novo texto ao Congresso, mas sem a reoneração de 17 setores da economia

Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília


Any Ortiz concorda com envio de nova MP
Any Ortiz concorda com envio de nova MP Mário Agra/Câmara dos Deputados — Arquivo

Relatora na Câmara da lei que prorrogou até 2027 a desoneração da folha de pagamento para 17 setores da economia, a deputada Any Ortiz (Cidadania-RS) afirma que o envio de uma nova medida provisória sem a parte que promove a reoneração é uma "decisão sensata" por parte do governo. A possibilidade foi discutida em uma reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

"Foi uma afronta ao Congresso apresentar essa medida provisória reonerando os setores. Entendo que vai ser uma decisão sensata se o governo voltar atrás e apresentar uma nova MP retirando a questão da reoneração da folha. A desoneração foi aprovada pelo Congresso em votação por ampla maioria", afirmou a deputada.

Para Ortiz, o governo tem dado "sinalizações ruins" sobre o assunto. "As decisões do governo pegaram a gente de surpresa. Não sabemos exatamente o que o governo vai fazer. O que sabemos é que querem aumentar a arrecadação a qualquer custo. Porém, temos que entender como isso impacta os setores da economia", completou. 

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A proposta que está sendo discutida entre Haddad e Pacheco gira em torno da possibilidade de o governo cancelar a MP que trata da reoneração, o que faria com que a decisão do Congresso de prorrogar a medida até 2027 prevalecesse sem necessidade de nova votação. Os outros dois temas tratados na MP seriam enviados por meio de uma nova medida provisória ou por projeto de lei.

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Além da reoneração da folha de pagamento, a medida provisória também limita a compensação de créditos decorrentes de decisões judiciais e revoga benefícios fiscais concedidos no Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse).

Após a reunião realizada na Residência Oficial do Senado, o líder do governo na Casa, senador Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que as alternativas foram apresentadas e destacou que uma decisão concreta só deverá ser tomada depois do recesso parlamentar, que termina em 1º de fevereiro.

Como a proposta do governo ainda não está clara para os parlamentares, há uma ala no Congresso que defende a devolução integral da medida provisória, o que seria uma resposta considerada agressiva à decisão do governo. Pacheco, no entanto, tenta uma solução menos traumática. Ele ainda planeja conversar sobre o assunto com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), antes de tomar uma decisão.

Haddad nega tensão com Congresso

Após se reunir com o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, Haddad negou qualquer tipo de "tensão" com o Congresso e afirmou que até o final da semana o governo deve apresentar uma alternativa à desoneração da folha de pagamento. 

"Às vezes, as pessoas tentam criar um clima de animosidade, mas não existe animosidade ou tensão entre os Poderes. Ano passado, a Fazenda negociou temas complexos e difíceis, e nós fomos discutindo. Entendemos a pressão dos setores, vivemos em uma sociedade democrática, mas quem olha para floresta é a área econômica. Às vezes você está olhando para uma árvore da floresta, mas a gente tem a visão da floresta", disse.

Ele evitou falar detalhes da proposta. "Tenho um protocolo a seguir. Vou falar com o presidente Lula amanhã e consegui marcar uma audiência presencial com o presidente Lira. Estamos com todos os números, mas não podemos deixar pressionar, temos que ouvir todo mundo", completou.

A previsão é que a reunião com Lula ocorra nesta quarta-feira (17). Já a reunião com Lira deve ocorrer entre quinta (18) e sexta-feira (19).

Entenda a desoneração da folha de pagamento

A desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia, responsáveis por 9 milhões de empregos, teve a vigência prorrogada até 2027 em votação que contou com amplo apoio de deputados e senadores. Os parlamentares decidiram que, em vez de o empresário pagar 20% sobre a folha do funcionário, o tributo pode ser calculado com a aplicação de um percentual sobre a receita bruta da empresa, que varia, conforme o setor, de 1% a 4,5%.

Já a medida provisória do governo retoma o imposto sobre a folha, mas gradualmente. Pelo texto, o imposto incidirá de forma diferente para dois grupos:

• o primeiro grupo engloba atividades como transporte, comunicação e tecnologia da informação, cuja tributação funcionará da seguinte forma: 10% em 2024, 12,5% em 2025, 15% em 2026 e 17,5% em 2027;

• o segundo grupo inclui atividades como engenharia civil, indústria têxtil e editorial, cuja tributação funcionará da seguinte forma: 15% em 2024, 16,25% em 2025, 17,5% em 2026 e 18,75% em 2027.

Para o advogado tributarista Leonardo Roesler, o dilema da desoneração consiste em encontrar um equilíbrio entre a manutenção de um ambiente favorável ao crescimento econômico e à geração de empregos, e a necessidade de assegurar receitas adequadas para o financiamento dos serviços sociais e da infraestrutura pública.

"É importante destacar que a tributação sobre a folha de pagamento, enquanto mecanismo fiscal, deve ser ponderada cuidadosamente. Altas taxas podem desincentivar a contratação e aumentar o custo do trabalho, impactando negativamente a competitividade das empresas", afirmou.

"Do ponto de vista macroeconômico, a desoneração pode servir como um catalisador para o crescimento econômico. Ao diminuir a carga tributária sobre a folha de pagamentos, as empresas têm mais espaço para investir em expansão, pesquisa e desenvolvimento, e em melhorias de infraestrutura. Este aumento de investimento pode levar a um crescimento econômico mais robusto, gerando mais empregos e aumentando a renda disponível para consumo, o que alimenta ainda mais a economia", completou.

Sem a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia, 1 milhão de vagas de emprego podem ser perdidas, segundo levantamento feito por associações, entidades de classe e sindicatos.

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