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Prevent Senior impedia uso de EPI para vírus circular, diz denúncia

Protocolo para testes com o chamado ‘kit covid’, durante a pandemia, teria sido acertado com assessores do governo

Brasília|Sarah Teófilo, do R7, em Brasília


Denúncia recebida pela CPI foi protocolada por advogada de 12 médicos que trabalharam na Prevent Senior
Denúncia recebida pela CPI foi protocolada por advogada de 12 médicos que trabalharam na Prevent Senior

Uma denúncia encaminhada à CPI da Covid-19 por médicos da operadora de saúde Prevent Sênior aponta que a rede teria limitado o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) no atendimento dos clientes, chegando a proibir o uso de máscaras em algumas situações. A questão teria, segundo a denúncia, o propósito de facilitar a disseminação do vírus da covid-19 no ambiente hospitalar a fim de iniciar um protocolo de testes para tratamento da doença. O referido protocolo usava medicamentos sem eficácia comprovada do chamado "kit covid", como cloroquina e ivermectina. As denúncias feitas à CPI são públicas, mas, nesse caso, foram protocoladas como sigilosas para preservar a identidade dos denunciantes. A empresa nega as acusações e um diretor da Prevent deve ser ouvido pela comissão na semana que vem.

A denúncia foi enviada à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 no último dia 24 por uma advogada do grupo de 12 médicos. O R7 teve acesso a uma análise do documento, que aponta ainda que o protocolo de testes adotado pela Prevent Senior teria sido acordado com assessores do governo federal. Conforme denunciado, a pesquisa supostamente pactuada entre o governo e a Prevent precisaria comprovar a eficácia de cloroquina e azitromicina no tratamento da covid-19. 

Na denúncia, há uma mensagem de whatsapp de 25 de março do ano passado na qual a direção da rede teria indicado aos médicos o início do protocolo de uso de hidroxicloroquina combinada com azitromicina nos pacientes ambulatoriais, pontuando o seguinte: “Por favor, não informar o paciente ou familiar sobre a medicação e nem sobre o programa”. Segundo denunciado, o objetivo seria manipular os resultados da pesquisa para comprovar a eficácia do tratamento.

Os pacientes, então, estavam sendo testados, sem saber, e sem que os estudos fossem submetidos à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). A pesquisa só foi autorizada em 14 de abril, segundo a denúncia, mas foi suspensa seis dias depois após irregularidades serem verficadas, como a inexistência de grupo de controle.

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Conforme denúncia, diante das críticas do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, a rede decidiu se aproximar de assessores próximos ao presidente Jair Bolsonaro e ao Ministério da Economia para evitar conflitos. Além disso, diante do descontentamento do presidente com Mandetta, teria sido elaborada por pessoas próximas a Bolsonaro uma estratégia de focar nas questões econômicas da pandemia, ao mesmo tempo em que Bolsonaro indicava medicamentos como cloroquina para a população, deixando-a mais “segura”.

Apesar de se falar que o médico tem autonomia para receitar medicamentos “off label”, ou seja, para usos que não estão previstos em sua bula, desde que haja concordância do paciente, a denúncia aponta que a Prevent não permitia que os médicos atuassem com autonomia, devendo receitar os medicamentos que constavam no kit.

Em nota publicada, a Prevent afirma que pedirá investigações ao Ministério Público para apurar "denúncias infundadas e anônimas levadas à CPI por um suposto grupo de médicos". "Estranhamente, antes de as acusações serem levadas à comissão do Senado, uma advogada que representa esse grupo de médicos insinuou que as denúncias não seriam encaminhadas e um acordo fosse celebrado", pontuou. A empresa também emitiu uma nota dizendo que não vai "mais admitir que denúncias anônimas prejudiquem o atendimento aos mais de 550 mil beneficiários". "A maioria idosos que sempre foram abandonados pelo sistema de saúde. Vamos investigar estas calúnias", frisou.

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