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Briga entre bairros motiva mortes no Nordeste, diz mãe e professor

Regiões Norte e Nordeste do país têm nove dos 10 Estados mais violentos do Brasil. Bahia é o com maior número de vítimas e Sergipe tem a maior taxa

Cidades|Fabíola Perez e Kaique Dalapola, do R7

Adolescente no Ceará morto tinha tatuagem relacionada à facção
Adolescente no Ceará morto tinha tatuagem relacionada à facção Adolescente no Ceará morto tinha tatuagem relacionada à facção

Os dados de homicídios no Brasil, publicados no Atlas da Violência 2018e divulgado na última terça-feira (5), mostra que os Estados com indíces mais altos de assassinatos estão nas regiões Norte e Nordeste do país.

Amigos e familiares das vítimas mostram que muitos crimes têm pontos de semelhança: acontecem devido às disputas entre gangues de bairros rivais, sobretudo nas capitais.

As duas regiões concentram os Estados com as maiores taxas de homicídios por 100 mil habitantes. Entre elas, Sergipe com 64,7, Alagoas com 54,2, Rio Grande do Norte com 53,4, Pará com 50,8, Amapá com 48,7, Pernambuco com 47,3, Bahia com 46,9, Acre com 44,4 e Ceará com 40,6. Apenas Goiás, com taxa de 45,3, está na lista dos 10 mais violentos fora das duas regiões.

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Em um dos casos, a estudante Dianinha, como era conhecida, tinha 16 anos quando teve a vida interrompida brutalmente por três disparos de arma de fogo. “Ela era linda e super ativa: tocava percussão e praticava box”, afirmou Eduardo Gomes de Lima, coordenador de projetos da ONG Junta Salvador, na Bahia.

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A morte de Diana faz parte das estatísticas brasileiras. A marca histórica de 62.517 homicídios no ano de 2016, segundo informações do Ministério da Saúde, equivale a uma taxa de 30,3 mortes para cada 100 mil habitantes. O número corresponde a 30 vezes a taxa da Europa. Isso significa dizer que, em média, 171 pessoas foram assassinadas por dia, no ano de 2016, no Brasil.

Em fevereiro de 2016, em meio a atmosfera de Carnaval que domina o Estado da Bahia nesse período, Diana foi baleada por volta das 10h, na comunidade de Pernambués. O bairro que reúne a maior população negra da cidade é também um dos mais violentos, segundo o coordenador da ONG que busca inserir jovens em projetos culturais e sociais. O Estado também é o com maior número assassinatos em 2016.

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“Pelo que soubemos, o suspeito era um relacionamento da garota. Ela namorava com um rapaz que pertencia a uma suposta facção A e tempos depois se relacionou com um jovem da facção B”, explica o coordenador. “Ela era como se fosse da família, conversávamos bastante com ela”, diz Lima. No dia em que foi morta, familiares e amigos, segundo ele, perceberam que a garota tardava em voltar para casa. Boatos sobre morte dela se espalharam rapidamente pela comunidade.

Para Lima, a violência em bairros periféricos de Salvador vem se alastrando fortemente. “Mulheres e meninas se tornaram alvos frequentes. Infelizmente, é uma realidade muito próxima nossa”.

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O estudante Lucas*, 16 anos, foi vítima de um crime parecido também em fevereiro de 2016, no bairro Jardim Guanabara, zona oeste de Fortaleza. Segundo a mãe do jovem, o rapaz havia trocado o grupo de amigos por outros adolescentes do bairro vizinho Jardim Iracema. Depois que começou a se relacionar com os novos amigos, foi assassinado em uma esboscada.

"Na época ainda não se falava nesses crimes como sendo de facções criminosas. Era brigas entre grupos de adolescentes, que não gostavam de outros grupos de bairros vizinhos. Tinha essa rivalidade. Do ano passado para cá que esse tipo de crime começou a ser relacionado com facções", conta a mãe da vítima.

Ela ainda conta que a rivalidade do estudante com moradores do bairro vizinho começou quando ele ficou internado no centro educacional para adolescentes infratores. Quando saiu, já fazia parte do novo grupo — pertencente ao bairro vizinho de onde morava —, e teria sido assassinado pelos amigos que moravam no mesmo bairro onde ele residia com a família.

Apesar de estar entre os 10 mais violentos do país, o Estado do cearense Lucas contou com uma diminuição de 13,1% na taxa de homicídio na comparação entre 2015 e 2016. Diferentemente da Bahia, Estado onde Diana foi assassinada, 18,7% o indíce de homicídio no mesmo período.

A maior variação em um ano é no Acre, com aumento de 64,6%, passando de 27 (em 2015) para 44,4 (em 2016) na taxa de homicídio por 100 mil habitantes. A menor variação é de Goiás, que manteve o índice de 45,3%, e o Espírito Santo teve a maior queda na taxa, passando de 36,9 para 32, variação de 13,4% em um ano.

* Nome fictício. A família pediu para não identificar por questão de segurança.

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