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Maceió: casal cuida de mais de cem gatos abandonados após Braskem negar ajuda

Empresa não quis fazer um abrigo para os animais deixados para trás depois que região do Mutange precisou ser evacuada

Cidades|Isabelle Amaral, do R7


Gatos abandonados são alimentados por casal de Maceió
Gatos abandonados são alimentados por casal de Maceió

Um casal de Maceió tem se empenhado em alimentar e cuidar de mais de cem gatos abandonados pelos moradores que foram obrigados a deixar suas casas devido ao risco do colapso na região do bairro Mundaú, após o rompimento de uma mina da Braskem.

A advogada Sandra de Cássia Catão e o marido, o músico Walfrido Chaves, ambos de 55 anos, andam pelos bairros fantasmas da cidade também para dar amor e carinho aos animais.

Só na casa dos dois, são 40 gatos. A maioria foi resgatada das ruas, porque os felinos estavam doentes ou eram filhotes.

"A intenção nunca foi ter essa quantidade de gatos na minha casa, fora que eu já tinha um cachorro. A gente trazia quando o animal estava doente e o deixava para adoção. Não tínhamos coragem de levá-los na rua de novo", explica a advogada.

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Em entrevista ao R7, Sandra contou que tudo começou em 2018, quando algumas regiões começaram a ser evacuadas, após um forte tremor de terra, que fez surgirem as primeiras rachaduras nas ruas e nas casas.

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Ela logo percebeu que os animais, antes cuidados pelos moradores, ficaram para trás, e mandou mensagem a um grupo da vizinhança pedindo aos que ainda precisassem sair que levassem os pets junto para a nova moradia. Mas nem todos fizeram isso.

Dezenas de gatos foram deixados para trás após região precisar ser evacuada em Maceió
Dezenas de gatos foram deixados para trás após região precisar ser evacuada em Maceió

Incentivada por uma amiga e vendo a situação crítica dos animais abandonados, Sandra e o marido decidiram, no dia 21 de outubro, começar a alimentar os gatos abandonados. "Em princípio era para a Braskem amparar esses animais, mas isso não aconteceu."

Na época, eram só 40 gatos, mas o número foi crescendo conforme os tutores abandonavam a região. Posteriormente, o casal optou por abrir um perfil no Instagram chamado SOS Pet Bebedouro (@sospetbebedouro), para divulgar o trabalho e pedir doações.

"Quando não tem doação suficiente para comprar as rações ou pagar o veterinário, a gente compra fiado, no cartão, e paga do próprio bolso mesmo. Temos um carinho tão grande por eles que nem dá para explicar", afirma a advogada.

Walfrido Chaves leva alimento, água e carinho aos gatos abandonados em bairros fantasmas
Walfrido Chaves leva alimento, água e carinho aos gatos abandonados em bairros fantasmas

O casal alimenta os animais pelo menos uma vez por dia, entre as 15h30 e as 16h. Só nas ruas, são mais de 70. Walfrido é o responsável por passar de bairro em bairro para distribuir ração e água, já Sandra cuida dos que estão em casa.

"Os gatinhos das ruas comem diariamente um saco de 10 kg de ração. Para os que foram resgatados e estão lá em casa, um saco de 10 kg dura cinco dias. No total, temos uma despesa em média de 360 kg de ração por mês, fora as do granulado de madeira para xixi e cocô aqui em casa, remédios e veterinário", afirma Sandra.

Braskem negou abrigo

O Ministério Público fez uma denúncia contra a Braskem e citou os animais abandonados na região em razão da evacuação dos bairros no entorno da mina 18. Ela foi aceita pela Justiça, que gerou um inquérito administrativo para tratar da questão.

Sandra tem gastos com veterinário, alimentação e limpeza dos gatos resgatados
Sandra tem gastos com veterinário, alimentação e limpeza dos gatos resgatados

Foi elaborada uma agenda para resolver o problema e determinado que a empresa, hoje a maior produtora de resinas termoplásticas nas Américas, criasse um abrigo para os animais abandonados — o que não ocorreu.

"Os animais estão passando fome e doentes. Podem ser atropelados ou colocados em outras situações de risco", diz Sandra.

A reportagem pediu um posicionamento à Braskem sobre o assunto, mas não obteve retorno até a publicação deste texto. O espaço segue aberto caso a empresa decida se manifestar.

VEJA MAIS: Maceió: veja o antes e o depois da área da mina após o rompimento

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