Grandes empresas impulsionam inadimplência e dívidas em atraso batem recorde
O valor total das dívidas em atraso também cresceu e atingiu R$ 117,5 bilhões; o setor de serviços é o mais impactado
Economia|Do R7, com Reuters
![Marisa tem dívidas estimadas em mais de R$ 882 milhões](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/CBEDJ4BGFBI45HPBV62OAALR7U.jpg?auth=d3f6fb302dca98e89fd0a3c6a682f3d209bf5d9cea41f108832156c91ac1fa50&width=441&height=241)
A inadimplência de empresas atingiu novo recorde em abril, com mais de 6,5 milhões de empreendimentos negativados, de acordo com um indicador apurado pela Serasa Experian divulgado nesta quarta-feira (24). A onda de pedidos de recuperação judicial e de fechamento de lojas de varejistas tradicionais coincide com a alta do endividamento.
Segundo a companhia de análise de informações de crédito, o dado de abril é o maior desde o início da série histórica, em 2016. Em relação a março, houve acréscimo de 0,4%, e, na comparação com abril de 2022, aumento de 6,4%.
O valor total das dívidas em atraso também cresceu, tendo atingido R$ 117,5 bilhões. Segundo a Serasa, em média, cada CNPJ possui cerca de sete contas negativadas.
A Lojas Marisa, que tinha 344 pontos físicos no ano passado, já encerrou neste ano as atividades de 51 deles e anunciou o fechamento de outros 40 nos próximos meses. A empresa tem dívidas estimadas em mais de R$ 882 milhões, o que levou três de seus credores a entrar na Justiça com pedidos de decretação de falência dela.
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"Com insumos encarecidos, juros altos e nenhum incentivo ao consumo, o fluxo de caixa das empresas não encontra espaço para crescer, o que torna a quitação de dívidas inviável aos donos dos negócios", disse o economista Luiz Rabi, da Serasa Experian, em comunicado.
O comentário segue a tendência já indicada por grandes bancos do país no mês passado, como o Itaú Unibanco, que têm visto a estabilização dos níveis de inadimplência entre as pessoas físicas, mas um quadro de "normalização gradual" ao longo dos próximos trimestres entre as empresas.
O setor de serviços é o mais impactado no levantamento da Serasa, sendo responsável por 54% das empresas negativadas do país. Na sequência, aparecem o comércio, com 37%, e a indústria, com 7,7%.
Evolução da inadimplência de empresas
![](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/J2VXCZCFNNNZTOMW2V6GXY6CQE.png?auth=0153a04d3440d840ad2b98f68fd7965f89eeacdf41f93c0a96dc3cbbbafa6e51&width=707&height=298)
São Paulo é o estado com o maior número de empresas inadimplentes, com mais de 2 milhões de negativadas, disse a Serasa. Em segundo lugar está Minas Gerais, com 605.912, seguido por Rio de Janeiro, com 584.912, Paraná, com 413.648, Rio Grande do Sul, com 384.021, e Bahia, com 338.170.
A Serasa afirmou que, entre os mais de 6,5 milhões de companhias negativas, 5,76 milhões são micros e pequenas empresas, que somam R$ 94,5 bilhões em dívidas.
Saiba quais grandes empresas puxam a onda de crises no varejo
É a recuperação judicial de uma, o pedido de falência de outra, tem aquela que recebeu ordem de despejo, e mais uma, que está reestruturando seu modelo de negócios. Dificilmente o consumidor brasileiro tenha testemunhado em algum outro momento uma cris...
É a recuperação judicial de uma, o pedido de falência de outra, tem aquela que recebeu ordem de despejo, e mais uma, que está reestruturando seu modelo de negócios. Dificilmente o consumidor brasileiro tenha testemunhado em algum outro momento uma crise tão grave afetando tantas empresas ao mesmo tempo. Antes de 2020, uma parte do setor de varejo já estava com problemas financeiros, mas a pandemia da Covid-19 acabou com os planos de crescimento de várias companhias, enquanto criou falsas expectativas em outras, que investiram muito mais do que podiam