Países que iniciaram mais cedo o processo de vacinação da população ocupam as primeiras posições no ranking de crescimento econômico da agência classificadora de risco Austin Rating. A avaliação é do economista-chefe da agência, Alex Agostini, que elaborou o ranking a partir do desempenho do PIB (Produto Interno Bruto), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos em uma economia durante um certo período, dos países do segundo trimestre.
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O levantamento mostra que o Brasil perdeu nove posições no ranking de ritmo de crescimento econômico na passagem do primeiro trimestre para o segundo trimestre deste ano, caindo para a 28ª. Nesta quarta-feira (1º), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o PIB brasileiro do segundo trimestre recuou 0,1% frente aos três meses anteriores.
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A lista foi liderada por países europeus, como Portugal (4,9%), Reino Unido (4,8%), Letônia (4,4%), Áustria (4,3%) e Islândia (4,2%). Segundo Agostini, isso reflete o avanço da vacinação nos países, além das medidas econômicas adotadas para enfrentamento dos impactos da pandemia. No primeiro trimestre, o topo do ranking era ocupado pelos países asiáticos.
Ranking do crescimento econômico
1º Portugal - 4,9%
2º Reino Unido - 4,8%
3º Letônia - 4,4%
4º Áustria - 4,3%
5º Islândia - 4,2%
6º Israel - 3,6%
7º Indonésia - 3,3%
8º Holanda - 3,1%
9º Espanha - 2,8%
10º Hungria - 2,7%
10º Itália - 2,7%
11º Dinamarca - 2,3%
12º Finlândia - 2,1%
12º Polônia - 2,1%
13º Eslováquia - 2,0%
14º Eslovenia - 1,9%
15º Romênia - 1,8%
16º Alemanha - 1,6%
16º Estados Unidos - 1,6%
17º México - 1,5%
18º Bélgica - 1,4%
19º China - 1,3%
20º Arábia Saudita - 1,1%
20º Estônia - 1,1%
20º Noruega - 1,1%
Fonte: Austin Rating
“A chamada segunda onda da covid-19 afetou países da Europa mais no ano passado. No Brasil, afetou no segundo trimestre, com o lockdown, ainda que parcial, realizado em maio e junho. A quebra da safra, claro, também afetou o PIB brasileiro. Mas não foi só isso. O lockdown afeta o consumo das famílias, que ficou estável no segundo trimestre, e responde por parte da queda do PIB da indústria”, diz Agostini.
Ele lembra que a vacinação demorou para começar no Brasil. “Isso não é uma crítica ao governo Bolsonaro, nem a favor do governo Doria. O ponto é que, quando a vacinação demora a entrar, existe um efeito direto na confiança das famílias, do consumidor, do empresário, do investidor. Não se sabe quando o momento crítico vai ser superado”, disse Agostoni, acrescentando que a preocupação agora é como a variante Delta do coronavírus pode afetar essas expectativas.
Pelas expectativas do último boletim Focus, divulgado pelo Banco Central na segunda-feira (30), o PIB brasileiro vai crescer 5,22% em 2021. Para Agostini, o número não chega a ser motivo de comemoração. Ele lembra que o mundo vai crescer na faixa de 6% em 2021 e os demais membros do Brics - acrônimo para Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - devem avançar ainda mais, próximo dos 7%.
“O grande desafio do Brasil vai ser crescer acima de 3% em 2022, um ano eleitoral, com politização forte e manifestações. É um ano em que a taxa básica de juros, a Selic, estará em um nível maior do que o atual e que teremos um risco de fornecimento de energia”, afirma Agostini, que prevê crescimento de 2,4% do PIB brasileiro em 2022.