Resumindo a Notícia
- Plano São Paulo restringiu funcionamento de atividades não essenciais ontem (25)
- Associação de lojistas questiona decisão e fala em desemprego em massa
- Nas contas da entidade, se a decisão não for revista, 'uma Ford por dia' vai fechar em SP
- Setor emprega 6 milhões de trabalhadores em todo o Estado
As novas restrições de funcionamento do comércio em São Paulo para conter o avanço da covid-19, que tiveram início na segunda-feira (25) e vão durar ao menos duas semanas, preocupam os comerciantes do Estado e colocam em risco o emprego de milhares de trabalhadores de shoppings centers, lojas de rua e galerias. É o que afirma o presidente da Ablos (Associação Brasileira dos Lojistas Satélites), Tito Bessa Junior.
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Nas contas da entidade, somente no Estado de São Paulo, os shoppings empregam mais de 3 milhões de pessoas de forma direta e indireta, o que representa 60% dos empreendimentos em todo o Brasil. No entanto, com as medidas impostas pelo Plano São Paulo, Bessa alerta para o risco de o Estado perder "uma Ford por dia", caso a situação se mantenha por muito tempo.
"Somado a bares, restaurantes, salões de beleza e outros serviços não essenciais, o Estado colocará em risco mais de 6 milhões de empregos e poderemos perder facilmente uma Ford por dia se a decisão imposta pelo governo não for revertida”, avalia o presidente da Ablos.
Bessa se referiu ao anúncio de encerramento das operações da montadora de veículos Ford no Brasil, que deve gerar a demissão de cerca de 5.000 trabalhadores, além de outros colaboradores envolvidos de forma indireta.
De acordo com as novas regras do Centro de Contingência do Coronavírus do Estado de São Paulo, somente os serviços essenciais, como supermercados, farmácias e padarias, podem, desde esta segunda-feira (25), funcionar aos finais de semana e feriados. Durante a semana, as restrições são válidas das 20h às 6h.
As medidas têm prazo de duração até o dia 7 de fevereiro, quando serão reavaliadas pela gestão do governador João Doria (PSDB).
A administração estadual avalia que sem as medidas tomadas, mais restritivas e com o ritmo atual de crescimento de pacientes internados em UTI COVID, em menos de um mês haveria esgotamento dos leitos disponíveis em algumas regiões.
O governo explica que "são sete os indicadores analisados de forma combinada e com critérios coerentes para definir o retrocesso ou a progressão das regiões dentro do Plano SP". "Mesmo com a pior crise de saúde, econômica e social do mundo, em São Paulo as decisões não seguem ordem política ou personalista. Todas as decisões são amparadas na ciência e na medicina."
Segundo a Ablos, as vendas de fim de semana representam de 40% a 50% do faturamento total do mês. Sem essa receita, muitas lojas podem não suportar as pressões externas e o dirigente alerta o que pode vir a ser um "desemprego em massa em 2021".
"Nos preocupamos com nossos negócios e, lógico, com as vidas. Temos contas a pagar, sem falar que estamos sendo pressionados pelo o alto índice do IGP-M e o pagamento do 13º aluguel dos shoppings centers", reforça o presidente da Ablos.
Comerciantes protestaram ontem contra novas restrições
DENNY CESARE/CÓDIGO19/ESTADÃO CONTEÚDO - 25/01/2021De acordo com a Ablos, os shoppings centers e o comércio de rua são, em sua maioria, "locais muito seguros e que seguem à risca todos os protocolos de saúde e higiene, com álcool em gel, medição de temperatura e máscaras". Logo, os comerciantes não seriam responsáveis pela expansão de casos de covid-19 em São Paulo.
"A falta de fiscalização das autoridades em festas e nas praias fez com que os empreendimentos e lojistas fossem penalizados. Estamos pagando uma conta que não é de nossa responsabilidade, afinal, não há comprovação científica na transmissão da covid-19 dentro desses estabelecimentos", opina o presidente da associação.
Para ele, a expansão da covid-19 em São Paulo deve ser enfrentada de forma inteligente, "baseada em fatos e dados". O dirigente ressalta ainda que medidas de restrição ao comércio foram impostas no fim de 2020 e no início deste ano, mas "nada mudou".
"Não é o comércio o propagador. Já está provado cientificamente pelos especialistas conforme matérias amplamente divulgadas", afirma.
Na última reclassificação do Plano São Paulo, o Governo do Estado e o Centro de Contingencia avaliaram que sem as medidas que estavam sendo tomadas, mais restritivas e com o ritmo atual de crescimento de pacientes internados em UTI COVID, em menos de um mês haveria esgotamento dos leitos disponíveis em algumas regiões. São sete os indicadores analisados de forma combinada e com critérios coerentes para definir o retrocesso ou a progressão das regiões dentro do Plano SP.
Vale alertar que todas as regiões com capacidade hospitalar em UTI acima de 75% estão inclusas na fase mais restritiva do Plano, com funcionamento apenas das atividades essenciais e isso representa 22% da população de São Paulo. Os outros 78% da população tem restrições apenas de horário e capacidade de atendimento reduzida, caso da fase laranja, onde funcionam academias, salões de beleza, restaurantes, cinemas, teatros, shoppings, concessionárias, escritórios e parques por até oito horas diárias, com atendimento presencial limitado a 40% da capacidade, protocolos sanitários e encerramento de funcionamento às 20h, retomando às 6h. Os finais de semana são permitidos apenas serviços essenciais em todo o estado.
A Secretaria de Desenvolvimento Regional entende que colocar a vida de cidadãos em risco é falha grave. Mesmo com a pior crise de saúde, econômica e social do mundo, em São Paulo as decisões não seguem ordem política ou personalista. Todas as decisões são amparadas na ciência e na medicina. O Plano SP é um instrumento que permite endurecer as medidas quando necessário e flexibilizar quando possível. O momento é delicado e salvar vidas depende da responsabilidade de todos os órgãos, agentes públicos e também da sociedade. Em paralelo, o Estado tem trabalhado no aumento da capacidade hospitalar garantindo que nenhum cidadão fique sem atendimento.