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Ao menos 100 milhões de pessoas foram deslocadas na última década

No Dia Mundial do Refugiado, Acnur aponta aumento no número de pessoas que tiveram de deixar suas casas ao redor do mundo ao longo de 2019 

Internacional|Mariana Ghirello, do R7

Cerca de 40% dos deslocados forçados são menores de idade, afirma a Acnur
Cerca de 40% dos deslocados forçados são menores de idade, afirma a Acnur Cerca de 40% dos deslocados forçados são menores de idade, afirma a Acnur

Neste sábado (20), Dia Mundial do Refugiado, o relatório anual de Tendências Globais da Acnur (Agência da ONU para os refugiados) de 2019 apontou um aumento no número de pessoas que precisaram deixar suas casas por causa de guerras, conflitos armados e perseguições.

Pelo menos 100 milhões de pessoas foram deslocadas forçadas na última década, buscando proteção dentro ou fora de seus países. Há mais pessoas fugindo do que toda a população do Egito, o décimo quarto país mais populoso do mundo.

Leia mais: Total de refugiados pelo mundo chega a 70,8 milhões, diz Acnur

De acordo com a entidade, o deslocamento forçado dobrou e passou de 41 milhões de pessoas para 79,5 milhões atualmente. A pesquisa apontou também que 80% destas pessoas deslocadas enfrentam a falta de segurança alimentar e até mesmo desnutrição.

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O relatório também observa que as chances de refugiados que esperam uma solução rápida para sua situação diminuíram. Nos anos 90, uma média de 1,5 milhão de refugiados conseguia retornar às suas casas a cada ano. Na última década, esse número caiu para cerca de 385.000 pessoas, o que significa que o aumento no deslocamento hoje supera em muito as soluções.

"Estamos testemunhando uma nova realidade, já que o deslocamento forçado hoje não é apenas muito mais difundido, mas simplesmente não é mais um fenômeno temporário e de curto prazo", disse o alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi.

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"Não se pode esperar que as pessoas vivam em um estado de incerteza por anos, sem a possibilidade de voltar para casa, nem a esperança de construir um futuro onde estão. Precisamos de uma atitude fundamentalmente nova e mais responsiva em relação a todas as pessoas deslocadas, juntamente com um esforço muito mais determinado para resolver conflitos que duram anos e estão na raiz de um sofrimento tão imenso", finaliza Grandi.

Família de refugiados sírios
Família de refugiados sírios Família de refugiados sírios

Países em crise 

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O alto índice de deslocamento da população de diversos países se deve em grande parte a conflitos armados, como é o caso da Síria que continua sendo o país com o maior número de refugiados com 6,6 milhões de sírios fora do país.

E se contabilizaramos os deslocados internos, o número é ainda maior com 13,2 milhões de pessoas fora de suas casas e cidades.

Ahmad e Fahemyh Hussain fugiram de Alepo, na Síria, em 2016, quando o bombardeio se tornou tão grave que eles tiveram que escolher entre sair ou morrer. Eles encontraram segurança em Amã, na Jordânia.

Ahmad ainda se lembra do alívio que sentiu quando seus sete filhos adormeceram pacificamente na primeira noite no campo de refugiados de Azraq. Mas quatro anos depois, a tensão de viver no campo, especialmente durante o confinamento pela covid-19, foi quase insuportável, disse ele.

"Quero poder sustentar minha família, ser pai. Às vezes eu gostaria de poder voltar a morar em um apartamento normal, fora de um campo de refugiados e ter um emprego para ir todas as manhãs", disse ele.

"Pelo menos temos abrigo aqui e meninos e meninas podem ir à escola. É claro que, se houvesse a chance de voltar para a Síria, se fosse seguro, voltaríamos em um piscar de olhos", sonha Ahmad.

A guerra que se iniciou há dez anos e ainda não terminou, ela continua provocando deslocamentos. Em março deste ano, uma nova escalada do conflito em Idlib gerou uma imigração em massa para a fronteira com a Turquia.

Outro dado apresentado pelo relatório da Acnur é que 40% dos deslocados forçados são crianças e menores de idade, que acompanham suas famílias em busca de uma chance de sobrevivência.

Vumuli, de 35 anos, é uma deslocada forçada na República Democrática do Congo
Vumuli, de 35 anos, é uma deslocada forçada na República Democrática do Congo Vumuli, de 35 anos, é uma deslocada forçada na República Democrática do Congo

Deslocamento interno

Outros conflitos armados também provocaram deslocamentos forçados como a guerra pela independência do Sudão do Sul, o conflito na Ucrânia, instabilidade e novos confrontos no Afeganistão, Iraque, Líbia e Somália. O relatório aponta também a grande crise humanitária e de deslocamento no Iemen. E ainda novos surtos de luta e violência no República Democrática do Congo.

Grandes fluxos de refugiados e migrantes à Europa pelo mar, o fluxo maciço de refugiados rohingya de Myanmar para Bangladesh, a recente partida de venezuelanos para a América América Latina e Caribe, deslocamento interno na Etiópia e a crise na região do Sahel, na África, engrossam os números da pesquisa.

Segundo o relatório, nos últimos dez anos o deslocamento alcançou níveis inéditos. Em 2005, quando se iniciou este acompanhamento por parte da Acnur, as equipes atuavam em 15 países. Em 2010, este número aumentou para 26 países e hoje já somam 33.

No final de 2019, a Colômbia continuou a registrar o maior número de pessoas deslocadas internamente, com 8 milhões, de acordo com estatísticas do governo. A Síria está em segundo lugar com com pouco mais de 6 milhões, e em terceiro, está a República Democrática do Congo com 5 milhões de deslocados internos.

Iemen, Somália, Afeganistão e Nigéria também constam no ranking de maior população deslocada internamente, todos por conflitos armados.

Falta de perspectivas

Outra situação que ajudou a aumentar o número de deslocados no mundo foi a situação vivida na Venezuela. Apesar de não existir um conflito armado interno, a crise econômica, o desabastecimento interno de alimentos e medicamentos, os baixos salários, a alta inflação, não deixam muitas perspectivas de melhora.

Segundo o levantamento da Acnur, 3,7 milhões de venezuelanos migaram para países vizinhos, a maior parte para a Colômbia, Peru, Equador e Brasil. 

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