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Total de refugiados pelo mundo chega a 70,8 milhões, diz Acnur

Número é o maior já registrado pela agência da ONU; população somada supera a da França e seria o 20º país mais populoso do mundo

Internacional|Fábio Fleury, do R7

Acnur estima que 4 milhões de pessoas deixaram a Venezuela nos últimos anos
Acnur estima que 4 milhões de pessoas deixaram a Venezuela nos últimos anos

O número de refugiados em todo o mundo bateu recordes em 2018, segundo um relatório divulgado nesta quarta-feira (19) pelo Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur). A cifra chegou a 70,8 milhões de pessoas e é a maior já registrada nas quase sete décadas de atuação da agência.

Os dados do Acnur Global Trends (Tendências Globais, em inglês) mostram que o número de refugiados em todo o planeta dobrou em apenas 20 anos e cresceu em 2,3 milhões de pessoas em relação a 2017. Essa população total, se estivesse em um só território, superaria a França e formaria o 20º país mais populoso do mundo.

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A Acnur, no entanto, ressalta que o total global pode ser ainda maior, porque foram contabilizados cerca de 4 milhões de venezuelanos entre os refugiados. As estimativas, no entanto, são de um total ainda maior. Destes, apenas meio milhão teriam solicitado refúgio formalmente nos países para onde fugiram.


“Os dados revelam um crescimento do número de pessoas que necessitam de proteção por causa de guerras, conflitos e perseguições. Há também uma imensa onda de solidariedade, vinda especialmente das comunidades que acolhem refugiados e um engajamento de agências de desenvolvimento, empresas privadas e indivíduos”, afirmou o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, Filippo Grandi.

Grupos de refugiados


Segundo a Acnur, os 70 milhões de pessoas que estão no relatório pertencem a três grupos diferentes.

O primeiro é dos refugiados, pessoas que são obrigadas a sair de seus países por conta de conflitos, guerras ou perseguições (étnicas, religiosas, etc). No ano passado, o número de refugiados chegou a 25,9 milhões no mundo todo, um aumento de 500 mil em relação ao ano anterior.


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O segundo grupo é dos solicitantes de refúgio, que são as pessoas que deixam seus países de origem e recebem proteção internacional enquanto aguardam a tramitação de seus pedidos de refúgio em outros países. Esse número inclui 3,5 milhões de solicitantes.

O segundo grupo é de solicitantes de refúgio – pessoas fora de seus países de origem recebendo proteção internacional enquanto aguardam a decisão de seus pedidos de refúgio. Até o final de 2018, havia 3,5 milhões de solicitantes de refúgio no mundo.

O maior grupo, formado por 41,3 milhões, é de pessoas que precisaram deixar suas casas mas permaneceram dentro de seus países. Essa situação é comum na Síria, por conta da guerra civil, e em diversos países africanos que vêm sofrendo com conflitos internos, étnicos e religiosos.

Soluções difíceis

O grande problema, segundo a Acnur, é que o número de deslocados cresce num ritmo maior do que as soluções para essas pessoas são obtidas. As principais saídas são o retorno voluntário e com segurança parta casa, a integração no local onde está o refugiado ou a mudança para um terceiro país.

Em 2018, apenas 92,4 mil refugiados conseguiram ser reassentados em outro país, menos do que 7% do total necessário. Cerca de 593,8 mil refugiados conseguiram voltar para casa, enquanto 62,6 mil conseguiram se naturalizar em outros países.

“Em qualquer situação envolvendo refugiados, não importa onde ou há quanto tempo ela está se prolongando, é necessário que haja uma ênfase em soluções duradouras e na remoção de obstáculos para que pessoas possam retornar para suas casas”, afirmou Grandi.

Outros dados importantes sobre refugiados e que estão no relatório:

• Em 2018, metade dos refugiados são crianças. Delas, cerca de 111 mil estão separadas de suas famílias ou desacompanhadas;

• Em apenas um país, Uganda, há 2,8 mil crianças refugiadas com 5 anos ou menos, sozinhas ou separadas de suas famílias;

• Cerca de 61% dos refugiados estão vivendo em áreas urbanas, muito mais do que em áreas rurais ou campos de refugiados;

• Países pobres recebem muito mais refugiados do que países pobres. Em média, as nações ricas acolhem 2,7 refugiados por mil habitantes, enquanto países de renda média e baixa recebem 5,8 pessoas por mil habitantes, em média. Com isso, os países mais pobres acolhem um terço de todos os refugiados do mundo;

• Cerca de 80% dos refugiados vivem em países vizinhos aos seus;

• A cada 5 pessoas refugiadas, 4 estão numa situação prolongada de refúgio (há pelo menos 5 anos). 1 a cada 5 são refugiados há 20 anos ou mais.

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