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Jornalista morta na Irlanda era considerada 'estrela em ascensão'

Lyra McKee, que morreu após ser baleada no sábado, cobria os conflitos da geração que nasceu após o cessar-fogo entre o IRA e o Reino Unido

Internacional|Fábio Fleury, do R7

Lyra McKee foi apontada em 2017 como uma promessa da literatura irlandesa
Lyra McKee foi apontada em 2017 como uma promessa da literatura irlandesa Lyra McKee foi apontada em 2017 como uma promessa da literatura irlandesa

Na noite de sábado (18), a jornalista norte-irlandesa Lyra McKee, 29, morreu após ser baleada durante um protesto na cidade de Derry, na fronteira entre as Irlandas. Ela estava próxima de um carro de polícia que foi alvejado por manifestantes que pedem a independência da Irlanda do Norte.

Considerada uma "estrela em ascensão" em seu país, ela perdeu a vida cobrindo um conflito que muitos consideravam enterrado após 20 anos de relativa paz, mas que parece prestes a explodir novamente com tensões causadas por um grupo separatista que se denomina o "novo IRA".

No vídeo abaixo, divulgado pela polícia da Irlanda do Norte, é possível ver um homem encapuzado aparecendo e atirando na direção da polícia.

Em janeiro, o grupo assumiu a autoria da explosão de um carro no centro da cidade, em um momento em que a discussão sobre o Brexit se intensificou. Derry, em particular, é um foco de tensão porque uma eventual fronteira vigiada entre a Irlanda do Norte, parte do Reino Unido, e a Irlanda, que permanecerá na União Europeia, pode separar famílias, propriedasdes e vidas.

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Vida após o conflito

Lyra fazia parte de uma geração que os norte-irlandeses mais velhos chamam de "bebês do cessar-fogo", pessoas que nasceram no fim dos "Troubles", o conflito entre a Irlanda e o Reino Unido e não estavam vivos durante as décadas mais sangrentas, entre 1969 e 1998.

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A futura jornalista tinha 8 anos quando o tratado de paz foi assinado, na sexta-feira de Páscoa de 98. Mas passou a vida cobrindo as consequências do conflito. Em janeiro de 2016, ela publicou uma reportagem que mostrava como o número de suicídios após o cessar-fogo era maior do que o de mortos em todo o período do conflito.

"Desde o começo dos Troubles, em 1969, até o histórico acordo de paz de 1998, pouco mais de 3.600 pessoas foram mortas. Nos 16 anos seguintes, até o fim de 2015, 3.709 pessoas morreram por suicídio. Compare isso com o intervalo de 32 anos de 1965 a 1997, quando foram registrados 3,983 suicídios", escreveu Lyra.

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Conversando com pesquisadores, ela concluiu que os traumas de guerra, como o transtorno do estresse pós-traumático (TEPT), acabaram se tornando parte do dia-a-dia das famílias irlandesas. "A trágica ironia da vida na Irlanda do Norte hoje é que a paz parece levado mais vidas do que a guerra", concluiu ela.

Futuro interrompido

Apontada pelo jornal Irish Times em 2017 como um dos melhores jovens talentos da literatura do país, Lyra McKee publicou um livro por conta própria e, no ano passado, assinou contrato com uma das maiores editoras irlandesas para publicar dois livros. O primeiro seria lançado no ano que vem. 

Em seu último tweet, Lyra publicou uma foto dos protestos em Derry e falou sobre a "loucura" na cidade. "Derry esta noite. Loucura absoluta", ela escreveu. Depois que a morte foi confirmada, o perfil foi fechado a pedido dos familiares.

A foto de uma van da polícia em chamas no último tuíte de Lyra McKee
A foto de uma van da polícia em chamas no último tuíte de Lyra McKee A foto de uma van da polícia em chamas no último tuíte de Lyra McKee

"O assassinato brutal de Lyra McKee deixou uma família sem sua amada filha, irmã, tia e tia-avó e muitos amigos seu sua confidente. Todos perdemos com a morte dela", disse Sara Canning, namorada da jornalista, durante o velório.

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