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Sobe para 41 o número de mortos em atos violentos que cobram renúncia da presidente do Peru

Puno, na fronteira com a Bolívia, é epicentro dos protestos; 30 se feriram só ontem, e um policial foi incinerado dentro de viatura

Internacional|Do R7


Ao todo, 41 pessoas que protestavam contra a presidente foram mortas no Peru
Ao todo, 41 pessoas que protestavam contra a presidente foram mortas no Peru

Os protestos de setores radicais continuaram na quarta-feira (11) no sul dos Andes do Peru, para reivindicar a renúncia da presidente Dina Boluarte, e deixaram um manifestante morto e cerca de 30 feridos em Cusco, a meca do turismo mundial.

A morte do manifestante elevou para 41 o total de vítimas em decorrência dos protestos iniciados há um mês, e o número inclui um policial incinerado por uma multidão.

"Lamentamos que os confrontos em Cusco tenham levado à morte o presidente da comunidade de Anansaya Urinsaya Ccollana de Anta, Remo Candia Guevara", informou a Defensoria do Povo no Twitter.

"Exigimos uma investigação imediata para encontrar os responsáveis pela morte e proceder à respectiva sanção", acrescentou a instituição sobre o ocorrido em Cusco, onde os hospitais registraram mais de 30 feridos, incluindo 19 policiais.

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O dia começou com bloqueios de estradas e velórios em massa pelos mortos que levaram a confrontos com as forças de segurança em Juliaca, na região andina de Puno.

O trágico balanço encerrou uma quarta-feira que começou com um apelo dos Estados Unidos por "moderação" a todas as partes.

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Ao mesmo tempo, uma missão de observação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) chegou esta semana a Lima para avaliar "a situação dos direitos humanos no âmbito dos protestos sociais".

Em meio às tensões sociais, o Ministério Público abriu na terça-feira uma investigação por suposto crime de "genocídio" contra a presidente Dina Boluarte, que impôs um toque de recolher na região andina de Puno para frear as manifestações violentas, que só na segunda e na terça-feira deixaram mortos 17 civis e um policial, informou a instituição.

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O epicentro dos protestos fica na região aimara de Puno, na fronteira com a Bolívia, onde milhares de moradores foram às ruas de Juliaca com os caixões das 17 vítimas civis mortas na segunda-feira.

Os caixões, nas cores branca e marrom, foram carregados por amigos e familiares. Cada um exibia uma foto e uma bandeira do Peru cobrindo-o por completo.

"Dina me assassinou a tiros", dizia a mensagem sobre o caixão branco de Edgar Huaranca, carregado nos ombros por seis familiares.

Durante o cortejo, multiplicaram-se cenas de raiva e dor das pessoas que se despediam de seus mortos e prometiam continuar com a luta até conseguir a renúncia do que consideram o governo ilegítimo de Boluarte.

Luto e toque de recolher

O Peru declarou luto nacional nesta quarta-feira em homenagem aos mortos na região de Puno, onde na terça-feira o governo decretou três dias de toque de recolher noturno em uma tentativa de conter os protestos.

Os bloqueios viários se estenderam a oito das 25 regiões do país e afetaram Tacna, Moquegua, Puno, Cusco, Apurímac, Arequipa, Madre de Dios e Amazonas, segundo a Superintendência de Transporte Terrestre.

Em Cusco, antiga capital do império inca e principal cidade turística do Peru, os confrontos entre centenas de manifestantes e a polícia deixaram 22 feridos, entre eles seis policiais, informou o Ministério da Saúde.

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Os moradores, muitos camponeses, tentaram chegar ao aeroporto da cidade após se mobilizarem para pedir a saída da presidente. A polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar a multidão, que respondeu com pedras.

Em Arequipa, segunda cidade do Peru, no sul do país, centenas também foram às ruas protestar contra o governo.

Em Tacna, na fronteira com o Chile, teve início uma paralisação por tempo indeterminado, marcada por episódios de vandalismo, como a queima de cabines de pedágio e a tentativa de saque a um shopping center.

A região de Puno começou há uma semana uma paralisação por tempo indeterminado, pedindo a renúncia de Boluarte, eleições presidenciais e legislativas imediatas e a convocação de uma Assembleia Constituinte.

Os governos regionais de Puno e Cusco exigem a demissão de Boluarte como primeiro passo para solucionar a crise.

"Moderação" e Direitos Humanos

Os comissários da CIDH foram recebidos por Boluarte no Palácio do Governo, sede do Executivo peruano.

"Vamos verificar a situação dos direitos humanos. Lamentamos a perda de vidas nos protestos", disse à imprensa Edgar Stuardo Ralón, que preside a missão, que permanecerá no Peru até 13 de janeiro e se reunirá com autoridades, vítimas e familiares em Lima, Ica e Arequipa.

Boluarte foi vice-presidente até 7 de dezembro de 2022, quando o Congresso destituiu Castillo, depois que ele tentou fechar o Parlamento, intervir no Judiciário e governar por decreto.

Castillo, que era investigado por corrupção, cumpre 18 meses de prisão preventiva, determinados por um juiz sob acusações de rebelião.

Segundo o governo, o ex-presidente boliviano Evo Morales está ligado aos protestos, razão pela qual o proibiu de entrar no Peru até nova ordem. Morales, que foi presidente da Bolívia entre 2006 e 2019, tem tido presença ativa na política peruana desde que o ex-presidente Castillo chegou ao poder, em julho de 2021.

Os protestos completam uma semana depois de uma trégua durante as festividades de fim de ano. Em sua maioria pacíficos, alguns degeneraram em atos violentos como tomar de assalto aeroportos e ataques a locais públicos.

A polícia e as Forças Armadas também responderam com violência.

Nesse contexto, os Estados Unidos pediram nesta quarta-feira "moderação" e que seja reduzido "ao mínimo" o uso da força nas manifestações.

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