O portal WikiLeaks pediu neste domingo (3) que as autoridades americanas retirem as acusações contra o fundador da organização, o australiano Julian Assange, que na segunda-feira (4) saberá se será extraditado do Reino Unido aos Estados Unidos.
A juíza britânica Vanessa Baraitser deverá decidir em audiência marcada para a segunda-feira no tribunal penal de Old Bailey, em Londres, se autorizará a entrega do jornalista à justiça americana. Os EUA acusam Assange por 18 crimes de espionagem e invasão informática, que podem acarretar até 175 anos de prisão.
A audiência chega após um julgamento de quatro semanas no tribunal de Old Bailey, no qual prestaram depoimentos diversas testemunhas da defesa do ativista, que rejeita a extradição e aguarda a resolução do caso na prisão de alta segurança de Belmarsh.
As acusações
Os EUA pedem a extradição de Assange por supostamente ter conspirado com o ex-soldado americano Bradley Manning (hoje Chelsea Manning) em 2010 e também com outros hackers entre 2007 e 2015 para obter e publicar dados secretos ilegalmente.
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"O simples fato de este caso ter chegado ao tribunal, para não dizer que já passou tanto tempo, é um ataque histórico e em larga escala à liberdade de expressão", disse neste domingo Kristinn Hrafnsson, diretora do WikiLeaks.
Hrafnsson declarou também que o governo dos EUA "deveria ouvir as ondas de apoio dos principais meios de comunicação social, ONGs de todo o mundo, como Anistia Internacional e Repórteres sem Fronteiras, e a ONU, que pedem que as acusações sejam retiradas".
Segundo ela, "esta é uma luta que afeta o direito de todos a saber e que está sendo travada coletivamente".
A noiva de Assange, Stella Morris, com o jornalista tem dois filhos pequenos, deverá comparecer ao tribunal com sua equipe jurídica na segunda-feira.
Em artigo publicado neste domingo no jornal The Mail on Sunday, Morris disse que se o tribunal decidir contra Assange, a decisão "será um desastre para o Reino Unido, tanto política como juridicamente".
Durante o julgamento, várias testemunhas da defesa apoiaram o discurso de Assange de que as acusações dos EUA são "politicamente motivadas" e não teriam um julgamento justo no território americano, mas a acusação sustenta que o jornalista cometeu atos criminosos.
Em depoimento, psiquiatras afirmaram que o jornalista, em estado de saúde delicado, sofre de um transtorno do espectro autista e "apresenta risco de suicídio" se for entregue aos Estados Unidos.