Deputados estaduais de Minas Gerais se articulam para formar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o possível caso de "fura-filas" da vacina contra covid-19 na Secretaria de Estado de Saúde.
O anúncio foi feito pelos parlamentares na tarde desta quarta-feira (10). Até às 18h, 31 legisladores já haviam assinado o termo, passando dos 26 necessários para solicitação.
O primeiro a assinar o documento foi o deputado Ulysses Gomes (PT). Cássio Soares (PSD), líder do principal bloco da Assembleia, e João Vítor Xavier (PSDB), presidente da Comissão de Saúde, também assinaram o termo.
Xavier avaliou que não cabe aos deputados, no momento, pedir a exoneração do secretário Carlos Eduardo de Amaral, um dos vacinados. O deputado destacou, no entanto, que um dos objetivos da CPI é que o líder da pasta esclareça a imunização dos servidores.
— O secretário não fez nenhum compromisso expresso de nos enviar a lista de servidores vacinados, indicação se são prioritários e quando foi a vacinação. Essas são perguntas importantes de serem respondidas.
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Caso seja aprovada, a comissão deverá investigar as possíveis irregularidades e apresentar um parecer em até 120 dias. O grupo também pretende investigar se houve baixo investimento por parte do Governo do Estado no enfrentamento à pandemia de covid-19, conforme explicou Ulysses Gomes.
— Quando a gente propõe [investigar] o baixo investimento de recursos, amplia-se para todas as ações de combate à pandemia, como divulgação, mobilização de leitos e tudo aquilo que a Secretaria de Estado de Saúde deveria fazer.
O presidente da ALMG, deputado Agostinho Patrus (PV), endureceu o tom e disse que se o secretário não apresentar a lista de servidores vacinadas, ele irá aprovar a abertura da CPI para ter acesso aos documentos.
— Se necessário, iremos abrir uma investigação para que tenhamos a lista. Se o Ministério Público está investigando, a Assembleia também vai investigar. Vamos cobrar de um a um os nomes.
Sabatina
Desde o início da manhã, o secretário Carlos Eduardo Amaral participa de uma sabatina com os deputados na ALMG (Assembleia Legislativa de Minas Gerais). Os principais questionamentos dos deputados são em relação à possível vacinação de servidores de fora do grupo prioritário, revelada pelo R7 no início da semana.
A sabastina ainda não havia acabado até a publicação da reportagem. O R7 procurou a Secretaria de Saúde para comentar sobre a sabatina, mas aguarda retorno.
Ao confirmar que ele e servidores administrativos da Secretaria de Saúde, Carlos Eduardo Amaral justificou à Record TV Minas que não houve irregularidades. Segundo o chefe da pasta, os imunizados ocupam cargos diretamente ligados à força-tarefa de combate à pandemia.