No dia 2 de abril, uma mulher de 56 anos morreu em decorrência da covid-19 em Governador Valadares, a cerca de 315 km de Belo Horizonte. Embora essa tenha sido uma das primeiras mortes provocadas pela doença no Estado, ela só entrou no boletim epidemiológico da SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde) em 14 de maio, portanto, 42 dias mais tarde.
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Esse não é um caso isolado. Duas outras mortes, ocorridas em Uberlândia e Pirapetinga, no dia 27 de abril, só foram oficializados quase um mês mais tarde, em 23 de maio, uma diferença de 26 dias.
Em média, o Governo de Minas tem demorado 5,8 dias para lançar os óbitos nos boletins epidemiológicos. Levando essa média em consideração, é como se os registros divulgados hoje, tivessem ocorrido há uma semana. E os óbitos por covid-19 que acontecem hoje, só serão computados na semana que vem.
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Registro
De acordo com a SES-MG, há uma regra de que as notificações de óbitos devem ocorrer em até 24 horas, para que as secretarias de Saúde de cada município possam "executar as medidas cabíveis para resposta a cada caso".
"Conforme definido por orientações do Ministério da Saúde, todo óbito suspeito deve ser testado por meio do exame tipo PCR, que analisa a presença do vírus na mucosa e secreções nasais", diz a secretaria por meio de nota.
A SES-MG esclarece, ainda, que há um fluxo de informações e notificações dos casos e óbitos por covid-19 no Estado.
"Portanto, somente após todo esse processo que um dado entra no boletim. Esse processo pode demorar alguns dias, pois envolve, quando é o caso, a realização de exames e também análise epidemiológica", completa.
A reportagem questionou a secretaria sobre a demora no caso da mulher de 56 anos que morreu em Governador Valadares e cujo óbito só entrou nos registros oficiais 42 dias depois. Não obtivemos resposta.