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Tutores de cães intoxicados e mortos buscam indenizações que passam de R$ 100 mil

Animais sobreviventes apresentam sequelas e demandam tratamentos caros; família de BH gastou mais de R$ 30 mil

Minas Gerais|Pablo Nascimento e Ana Gomes, do R7


Há relato de intoxicações em diferentes regiões do país
Há relato de intoxicações em diferentes regiões do país

Pouco mais de um mês após a Record TV Minas revelar a morte de cães causada pelo consumo de petiscos contaminados, os tutores dos animais intoxicados começam a acionar a Justiça em busca de indenização. Em um dos casos, a família pede mais de R$ 100 mil por danos material e moral, após gastar R$ 30 mil em tratamentos para cinco cachorros e ver a morte de dois deles.

Duas ações estão sob responsabilidade da advogada Silvia Valamiel, de Belo Horizonte. Silva representa a primeira família que suspeitou das irregularidades no produto, no final de agosto deste ano.

"As pessoas que compram este tipo de petisco para os pets têm uma relação muito grande com os animais. Os pets para eles são membros da família", pontuou a advogada sobre o abalo das mortes para seus clientes.

Silvia relata que um dos dramas dos tutores de animais sobreviventes são os tratamentos necessários diante sequelas deixadas pela intoxicação por monoetilenoglicol, também conhecido como etilenoglicol. A substância é a mesma que contaminou lotes da cerveja Backer, em 2020. O produto causa problemas renais e pode matar em horas.

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"Eu tenho um cliente que tinha um cão saudável, mas hoje o animal precisa fazer hemodiálise", conta a advogada. "Neste caso, ele passou a gastar R$ 300 por mês com uma ração especial para animal com problema renal, sendo que antes comprava um pacote de R$ 170 que durava dois meses", continua.

Silvia conta que procurou a Bassar Pet Food, fabricante dos petiscos contaminados, para avaliar a possibilidade de ajuda de custo para estas famílias. "Eles falaram que estão restituindo os valores pagos pelos petiscos e que não vão pagar as consultas com veterinário até o fim da investigação. A empresa alega que não tem responsabilidade sobre isto, já que a substância contaminada saiu da fornecedora dela", disse a advogada.

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Procurada, a Bassar não respondeu à reportagem sobre a ajuda que tem sido dada aos tutores dos animais, mas ressaltou que comprou na empresa Tecno Clean a matéria prima propilenoglicol, que não é tóxica, contaminada com monoetilenoglicol. A empresa também disse que está colaborando com as investigações, fechou a fábrica e recolheu os produtos do mercado.

"Tem gente que se não tiver dinheiro para pagar os tratamentos, vai ver o cão morrendo", retrucou a advogada Silvia Valamiel.

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Mortes pelo país

Há relatos de intoxicações e mortes de animais em diferentes regiões do país. Um grupo de tutores alega que as contaminações e óbitos podem chegar próximo a 100.

Nesta quinta-feira (6), o advogado Fábio Baileiro entrou com um processo contra a Bassar Pet Food representando uma cliente do estado de São Paulo.

A ação enviada à 3ª Vara do Juizado Especial Cível do TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo) solicita uma indenização de R$ 46.697. A previsão do profissional é que, nos próximos dias, pelo menos mais 10 processos sejam protocolados. “Demoramos para entrar com as ações porque estamos reunindo muitos documentos, como laudos, registros”, afirmou.

Balieiro representa 30 tutores. Dentre eles, pelo menos 20 tiveram os cães mortos. Segundo o advogado, as indenizações contra a Bassar serão analisadas caso a caso, mas os valores vão variar de R$30 mil e R$70 mil.

“Vamos pedir danos morais e materiais. Isso inclui todo o reembolso que os clientes tiveram durante o tratamento mais a indenização pela morte”, explicou.

Sobre a investigação criminal, o profissional reforça que está a cargo da Polícia Civil. “Nós orientamos todos os clientes a registrarem boletim de ocorrência na delegacia. A Polícia Civil está investigando. Ao final, o Ministério Público vai seguir com as denúncias criminais", relatou.

A Tecno Clean, empresa que forneceu o insumo à marca de petiscos, alega que não produz a substância e, sim, revende lotes comprados em outra empresa.

Anvisa recolhe massas alimentícias contaminadas com substância ligada à morte de cães:

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