Teste de 1.200 km com o novo Renault Megane E-Tech: um novo patamar
Crossover tem motor 220 cv com 30,6 kgfm de torque e baterias de 60 kWh
Autos Carros|Marcos Camargo Jr. e Marcos Camargo Jr.
A Renault está em um novo ciclo de investimentos para renovar seu portfólio. Dos mais de R$ 3 bilhões de euros, cerca de R$ 16 bilhões em nível gloal, mais de R$ 2 bilhões serão empregados na fábrica da Renault no Paraná. E para "puxar" um novo momento para a marca existem novidades como o Megane E-tech, um carro elétrico que responsável por fazer o link entre o que existe de melhor da marca na Europa aqui no mercado brasileiro. O R7-Autos Carros testou o novo Megane elétrico ao longo de um mês com 1.200km rodados e 4 recargas de energia. Veja o resultado.
TESTE DE 1 mês com o novo Renault Mégane 100% elétrico! Melhor que BYD e GWM? Veja o vídeo!
O Renault Megane chegou há poucos meses no Brasil. Seu design arrojado está alinhado ao estilo europeu da Renault com faróis afilados, perfil elevado e um misto de hatch e SUV com bastante personalidade.
O Renault Megane E-Tech utiliza a plataforma CMF-EV e mede 4,21 metros de comprimento, 2,70 m de entre-eixos, 1,78 m de largura e 1,50 m de altura. Já o interior conta com painel digital de 12,3 polegadas e uma central multimídia de 12 polegadas com conexão com Android Auto e Apple CarPlay.
O Renault Megane E-Tech tem motor elétrico de 220 cv com 30,6 kgfm de torque e baterias de 60 kWh (fabricada em NMC: níquel, manganês e cobalto) foram desenvolvidas pela LG o que confere uma autonomia de 454 quilômetros em um ciclo WLTP e 360 no PBEV do Inmetro. De acordo com a fabricante, o SUV pode fazer de zero a 100 km/h em apenas 7 segundos, mas a velocidade máxima é limitada em 160 km/h.
Bem equipado o Megane E-Tech elétrico tem novidades como sistema regenerativo avançado, LED com funções dinâmicas e sistema de iluminação ambiente personalizada, painel digital de alta resolução com 12 polegadas e sistema OpenR Link feito em parceria com o Google e que roda por meio de um processador Qualcomm e um pacote de itens de série que inclui controle de cruzeiro adaptativo, assistente de permanência em faixa, câmera 360 graus e sensores dianteiros e traseiros além de laterais com opção de desligamento do alerta, ar-condicionado digital de duas zonas entre outros itens.
1.200km a bordo da novidade
O Megane E-Tech tem um perfil arrojado e moderno e por isso chama a atenção onde estiver. Não é raro ouvir frases como "finalmente fizeram um carro bonito" ou a surpresa dos transeuntes ao repararem que se trata de um Renault. E pessoalmente ele é menor do que nas fotos: tem 4,20m de comprimento com 2,68m de entre-eixos.
Dirigi-lo é agradável fruto do bom acerto da plataforma CMF-EV, uma variação da CMF que teremos em breve no novo Kardian. Boa visibilidade, montagem acima do esperado e aceleração vigorosa são as marcas do Renault Megane. Mas nessa hora começam os tropeços. Pelo preço, o revestimento dos bancos em tecido mesmo sendo de boa qualidade poderia ser melhor e os ajustes são manuais e não elétricos, coisa que carros mais baratos já trazem de série. Não há também teto solar nem abertura elétrica da tampa do porta-malas. Passaria se o Megane não fosse um carro mais caro que os concorrentes, o que veremos a seguir.
Fizemos uma viagem de São Paulo ao litoral sul paulista em um trajeto de cerca de 200km ida e volta, mas o suficiente para testar o bom desempenho do carro e a boa regeneração em três níveis. Saindo de SP com 302km de autonomia chegamos ao destino com 375km. Mas ao retornar, subindo a Serra do Mar, chegamos com 190km.
Para acomodar os pasageiros no banco traseiro sempre há limite. E foi possível fixar a cadeirinha do bebê, mas o espaço para três adultos é bem acanhado. A coluna C avança e contribui para uma sensação de espaço reduzido. Os pneus aro 18 são bojudos, mas o carro é baixo. Não fossem os pneus generosos o Megane E-Tech facilmente rasparia a dianteira em lombadas e valetas.
O sistema de modos de condução (Eco, Comfort, Perso e Sport) chamado Multi Sense altera bastante os parâmetros de condução e estão disponíveis por um botão redondo no volante. O contraste da tela de vidro à frente é excelente e não tem reflexos além do uso que é simplificado e bem traduzido. Aliás, fica evidente o bom trabalho de engenharia ao tropicalizar o Megane. O sistema não trava, não há reações duras de correção do volante sendo possível desligá-los facilmente.
Na prática fizemos quatro cargas no Megane E-Tech sem deixá-lo zerar a bateria nenhuma vez usando sempre entre 20 e 80% para melhorar sua eficiência. Em um wallbox residencial o tempo de carga é de aproximadamente 8h. Testamos também por duas vezes um sistema de alta potência disponível na concessionária Porsche Stuttgart na zona sul SP em cargas de 40 a 50 minutos. Na prática, o Megane E-Tech rende cerca de 380km na prática nos modos de condução Eco ou Comfort.
Com seus deslizes, o Renault Megane E-Tech custa R$ 279,9 mil. É bem mais que um BYD Yuan Plus de 204cv por R$ 220 mil, muito mais que um Hyundai Kona de 136cv e R$ 190 mil ou Peugeot e-2008 de R$ 169,9 mil. É mais caro que o Volvo EX30 de uma marca premium com preço a partir de R$ 230 mil. O Renault é mais potente, equipado, arrojado. Mas custa caro. Cabe ao consumidor colocar na balança se prefere um carro diferente e com seus deslizes na garagem pois certamente o Megane tem muita personalidade para conquistar os fãs de carros elétricos com desempenho notável nestes novos tempos.
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