O corpo de Ronaldo Severino da Silva, de 60 anos, foi enterrado no Cemitério São João Batista, em Botafogo, em meio ao clima de revolta e tristeza neste sábado (23). Durante o sepultamento, parentes e amigos da segunda vítima do desabamento da ciclovia da avenida Niemeyer, em São Conrado, fizeram duras críticas ao prefeito Eduardo Paes e o culparam pelo acidente.
Marcelo Azevedo da Silva, primo da vítima, reclamou da falta de assistência por parte da prefeitura.
— O sentimento é de revolta, indignação. Vimos nos jornais que foi uma obra apressada. Nem o prefeito chegou aí para prestar condolências à família, uma ajuda. Tivemos que fazer uma vaquinha, porque a prefeitura não deu uma assistência. Depois que viram que morreu um rico, que era um engenheiro, eles vieram dar uma assistência. A minha pergunta é: até quando vamos ter que aturar essas obras mal feitas? O meu primo amado morreu. E aí? Cadê o Eduardo Paes?
Ronaldo Severino da Silva era morador da Rocinha e trabalhava como gari comunitário. Parentes disseram que ele costumava correr na via e pescar no costão de São Conrado.
De acordo com outro primo, Hernane Silva, a vítima frequentava o local há 30 anos.
— Nós caminhávamos ali quando não tinha ciclovia, esbarrando nos carros, e nunca aconteceu nada. Construíram uma coisa para dar mais segurança e aí aconteceu isso.
Durante uma entrevista coletiva, Eduardo Paes falou que entendia a revolta dos parentes e anunciou que a prefeitura vai indenizar as famílias dos mortos no acidente.
O corpo de outra vítima da queda da ciclovia foi cremado também neste sábado. O engenheiro Eduardo Marinho de Albuquerque, de 54 anos, praticava exercícios na pista no momento do acidente.
Câmera de segurança de ônibus registra momento que onda atinge ciclovia no Rio
O acidente
A ciclovia Tim Maia foi construída às margens da avenida Niemeyer. Com a forte ressaca do mar, uma onda atingiu a ciclovia e um trecho da plataforma acabou desabando. O acidente aconteceu na última quinta-feira (21) e deixou ao menos dois mortos.
Neste sábado, os bombeiros encerram as buscas por outras vítimas. Após cumprir o protocolo de buscas por 48 horas sem que ninguém reclamasse a ausência de possíveis vítimas, a corporação decidiu manter apenas o monitoramento aéreo. Testemunhas afirmaram ter visto até cinco pessoas na ciclovia no momento da queda da pista.
A Polícia Civil abriu inquérito por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) para investigar o acidente.
A Prefeitura do Rio também anunciou a contratação da Coppe/UFRJ e do INPH (Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias) para fazer uma perícia independente que vai apontar as causas e indentificar os responsáveis pela tragédia. O laudo deve ficara pronto em um mês.
Já o MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) fez uma vistoria no local com o objetivo de investigar paralelamente o caso.