A adesão cada vez maior de pessoas e a atenção gerada pelas cinco manifestações contra o aumento da tarifa do transporte público em São Paulo não alteraram a solicitação única do MPL (Movimento Passe Livre): o da tarifa baixar. Durante o quinto protesto, realizado nesta segunda-feira (17), os líderes do movimento voltaram a reafirmar essa posição.
Cientes do encontro desta terça-feira (18) com o prefeito Fernando Haddad e o Conselho da Cidade, na sede da prefeitura, no Anhangabaú, região central da capital, os militantes não acreditam que o encontro poderá tirar os protestos das ruas, já que, em um primeiro momento, a negociação pela redução da tarifa não será discutida.
No conselho, serão explicados detalhes de como é composta a tarifa do ônibus, a evolução da despesa orçamentária com o subsídio e os planos para a melhoria na qualidade do sistema. Entretanto, segundo Mayara Vivian, estudante de geografia da USP (Universidade de São Paulo) e uma das líderes do MPL, isso não é o bastante.
— Só vamos sair da rua quando o aumento for revogado. O Haddad nos chamou como consulta. Acho muita desatenção de um político querer consultar gente que está berrando na rua, é só ele ligar a televisão, não precisa chamar para uma reunião. O objetivo do movimento não é olhar a cara de governador e prefeito, é barrar o aumento. Se for pra chamar a gente tem que ser em espaço de negociação. Vamos pra preencher esse espaço, é importante o movimento social estar presente, mas de longe, como não sinalizou negociação, isso aqui (a manifestação) não para.
Novo protesto nesta terça, agora na Praça da Sé, já tem quase 100 mil confirmados em São Paulo
Protestos em capitais do País mostram descontentamento da população
Outro líder do MPL, Matheus Preis, vai pela mesma linha. É ele quem vem representando o grupo de manifestantes junto à Polícia Militar antes e durante as manifestações, definindo os trajetos a cada protesto.
— A intenção é manter o movimento para os próximos dias, não vamos sair da rua enquanto não baixar a tarifa.
Quanto ao quinto protesto, o desta segunda-feira, os dois elogiaram a postura dos manifestantes, os quais evitaram a violência e o vandalismo durante praticamente todo o trajeto – exceção feita ao momento em que o grupo chegou ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual, no Morumbi, zona sul da capital. Isso não reduz a validade da marcha, segundo Mayara.
— O que importa é que o povo tomou um lado, o da luta, e não o da covardia de baixar a cabeça para a repressão. O povo tomou o lado da luta, é o que todo mundo está vendo aqui. Desde o primeiro minuto a gente falou que quem é violento é a polícia. Esse é o (protesto) mais pacífico que eu já vi na vida. É isso que o Estado e a população precisam entender, o objetivo não é quebrar nada, mas sim revogar o aumento. Não vi pichação, é pra falar que o povo acordou, não quer quebrar nada, quer é os seus direitos. (O povo) não quer Copa (do Mundo), quer comida na mesa, transporte gratuito e vida digna.