A Polícia Civil acredita que o spray usado pelo morador contra trabalhadores de um condomínio de luxo nos Jardins, área nobre de São Paulo, tenha sido trazido dos Estados Unidos. Já a substância química tóxica utilizada só será conhecida após o laudo da perícia, que deve sair em até 60 dias. As informações são da Record TV.
Segundo a delegada Zuleika Araújo, o objetivo de Wilson Moreira da Costa Junior, de 69 anos, era interromper a obra que acontecia na cobertura, em horário permitido: "Falou que ficou muito irritado por causa do barulho no apartamento acima do dele e que, devido à essa irritação, ele agiu dessa forma".
No último dia 10, o idoso foi preso por lançar um tubo de gás por debaixo da porta de um apartamento e intoxicar trabalhadores em um prédio na rua José Maria Lisboa. As vítimas relatam sentir medo de voltar a trabalhar na reforma do imóvel.
Na ocasião, cinco pessoas passaram mal, mas três pessoas que inalaram o gás foram socorridas e encaminhadas para o Incor. Uma delas estava com hemorragia intestinal, as demais tinham quadro estável.
Um dos funcionários vítima do ataque conta que tinha uma alergia na pele provocada por um ataque anterior. Com a última ocorrência, o quadro de saúde de Paulo César Barbosa da Costa se agravou. "No segundo ataque, peguei uma alergia. Da última vez, piorou muito porque ele jogou uma quantidade de gás muito maior. Estou com uma alergia muito forte no corpo."
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Não foi a primeira vez que os trabalhadores sofreram um ataque. "Ele fez três vezes e pode fazer uma outra ainda mais grave", diz.
Jairo e Paulo César desconfiam que o gás de pimenta estava misturado com uma substância mais forte. "Na hora fiquei sem ar, tossindo e uma nuvem branca de fumaça se formou. Foi uma sensação muito estranha", lembra Jairo. "Fiquei espirrando por dias, com falta de ar. A fumaça entrou na garganta e não me deixava respirar, meus olhos ficaram ardendo."
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Histórico de violência
O suspeito já tem histórico de reclamações. O condomínio registrou um boletim de ocorrência por danos, ameaça e perturbação do trabalho alheio. Agora ele responde em um segundo inquérito pela utilização do gás.
Em um vídeo gravado por câmeras de segurança, ele sacode um chacoalho na recepção do prédio e diz que não aguenta mais. Uma mulher tenta acalmá-lo, mas ele parece estar muito irritado e começa a bater o instrumento com força no balcão.
Como Wilson é do grupo de risco para a covid-19, ele não compareceu à delegacia e o advogado pediu o adiamento do depoimento.