Alstom teria utilizado "esquema político" para liberar licitação, diz jornal
Uma semana após envio de e-mail, Tribunal derrubou bloqueio de concorrência
Brasil|Do R7
O TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) foi pressionado pelo Metrô paulista para liberar uma licitação que interessava à empresa Alstom, envolvida em outras investigações do setor. De acordo com um e-mail encontrado por autoridades federais na empresa, o Tribunal teria derrubado um bloqueio de concorrência e liberado a atuação da multinacional uma semana após a referida troca de mensagens.
A nova denuncia foi revelada, neste sábado (24), pelo jornal Folha de S.Paulo, que destacou a velocidade com que foi feita a investigação do processo, resolvido em apenas 15 dias, enquanto que a média para a solução de casos similares está em torno de 30 a 60 dias.
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Em 2005, uma outra empresa do setor, Alusa, teria solicitado o bloqueio da concorrência para a construção do sistema de trens entre as estações Ana Rosa e Alto do Ipiranga, durante o governo de Geraldo Alckmin (PSDB). A Alusa alegou que o Metrô teria apresentado uma licitação de quatro sistemas de equipamentos vendidos separadamente, o que para a empresa configurou como uma "concentração" que violava a Lei de Licitações.
Poucos dias depois que a Alusa pediu o bloqueio, o conselheiro do TCE Eduardo Bittencourt suspendeu a licitação dando início à investigação. Nesse período, o diretor da Alstom Wagner Ribeiro teria então enviado um e-mail para a colega de empresa Stephanie Brun informando que o Metrô estava acionando um "esquema político" para liberar as ofertas da licitação.
A plenária do TCE chegou a confirmar a decisão de suspender a licitação, mas em março de 2005 ela mesma acabou derrubando o bloqueio, favorecendo os interesses da Alstom.
De acordo com o jornal, tal decisão foi tomada com base em argumento técnico do Metrô paulista.