Edson Fachin lembra invasão do Capitólio e cita 'regressão' no Brasil
Ele destacou ataques à democracia também em outros países e declarou que o Brasil 'não mais aquiesce a aventuras autoritárias'
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, afirmou, nesta terça-feira (17), que ataques às instituições democráticas mundiais servem de "alerta" neste ano eleitoral e que a possibilidade de "regressão" já ocorreu no ambiente nacional. O magistrado disse que o Brasil "não mais aquiesce a aventuras autoritárias".
Fachin fez discurso durante a abertura da cerimônia em que palestrará o diretor para a América Latina e Caribe do Instituto Internacional para Democracia e Assistência Eleitoral, professor Daniel Zovatto.
O presidente do TSE citou a "estapafúrdia" invasão do Capitólio, em Washington (Estados Unidos), em 6 de janeiro de 2021, os ataques sofridos pelo Instituto Nacional Eleitoral do México e as ameaças, inclusive de morte, sofridas pelas autoridades peruanas nas últimas eleições presidenciais.
"São exemplos do cenário externo de agressões às instituições democráticas, e esse cenário não nos pode ser alheio. É um alerta para a possibilidade de regressão a que estamos sujeitos e que, infelizmente, pode infiltrar-se em nosso ambiente nacional, o que, a rigor, infelizmente, já ocorreu", disse.
"O mundo observa com atenção o processo eleitoral brasileiro. Somos hoje uma vitrine para os analistas internacionais, e cabe à sociedade brasileira garantir que levaremos aos nossos vizinhos uma mensagem de estabilidade, de paz e segurança e de que o Brasil não mais aquiesce a aventuras autoritárias", completou.
As declarações de Fachin ocorrem em meio às investidas de Jair Bolsonaro contra o sistema eleitoral brasileiro. Durante agenda em São Paulo, nesta segunda-feira (16), o presidente provocou o TSE e o Supremo Tribunal Federal (STF) ao comentar o julgamento sobre o marco temporal e disse que nunca será preso.
Bolsonaro voltou a defender, nesta terça-feira, a posse e o porte de armas de fogo para o "cidadão de bem". Ele disse: "Entendemos que a arma de fogo, além de segurança pessoal para as famílias, também é segurança para nossa soberania nacional. E a garantia de que a nossa democracia será preservada. Não interessam os meios que porventura um dia tenhamos que usar. A nossa democracia e a nossa liberdade são inegociáveis".