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Quebra de sigilo de Mauro Cid deve compensar silêncio do militar durante CPMI, diz relatora

A comissão aprovou a transferência de sigilo telemático do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; há previsão de novas quebras

Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília

Senadora Eliziane Gama, relatora da CPMI
Senadora Eliziane Gama, relatora da CPMI

Depois que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), exerceu o direito de ficar calado durante seu depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, nesta terça-feira (11), a relatora da comissão, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), afirmou que quebras de sigilo que mirem o militar devem compensar a falta de elementos trazidos pelo depoente. O colegiado já aprovou a transferência de sigilo telemático de Cid, e há a expectativa de novos pedidos. 

"Somos prejudicados no depoimento, mas temos outros elementos para fundamentar o relatório. Essas quebras de sigilo nos darão elementos substanciais para o nosso relatório", afirmou a relatora. 

Com o término do depoimento de Cid, há a previsão de que requerimentos para outros tipos de quebra relacionados ao militar entrem em pauta. Eliziane destacou, por exemplo, o compartilhamento de dados com a Polícia Federal e o Supremo Tribunal Federal (STF). Foi à PF que Cid quebrou o silêncio, em uma oitiva que durou aproximadamente quatro horas, no dia 30, ocasião em que foi questionado sobre a invasão dos prédios dos Três Poderes. 

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Outro caminho é pôr no alvo das investigações da comissão a mulher do militar, Gabriela Cid, e outros familiares dele. "É uma possibilidade que não se pode descartar. Foi muito ruim ele não ajudar a gente com essas informações, e essa possibilidade existe. A decisão vai depender do volume de informações que estamos aguardando com as quebras aprovadas", disse a relatora ao ser questionada pela reportagem. 


Gabriela e a filha do general Eduardo Villas Bôas, Ticiana Villas Bôas, articularam atos extremistas para manter Jair Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições. Mensagens obtidas pela PF revelam que as duas tramaram a invasão de Brasília e a queda do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

'Trabalho político'

O presidente da CPMI, Arthur Maia (União-BA), declarou que "quando se chama alguém para depor, a expectativa é de que ele fale", mas que "é direito constitucional" do depoente manter-se em silêncio. Maia disse que, apesar da negativa de Cid em falar, a CPMI aprovou requerimentos importantes para trazer dados às investigações e ressaltou que se tratou de um "trabalho político", articulado entre o governo e a oposição, para garantir a ampla aprovação.


Nesta terça-feira (11), antes de iniciarem a oitiva com o ex-ajudante de ordens, os parlamentares aprovaram 90 requerimentos, entre eles a quebra de sigilo telemático de Mauro Cid. Oito assessores técnicos militares subordinados ao tenente-coronel foram alvo de pedidos semelhantes. São eles: Marcelo de Costa Câmara, Cleiton Henrique Holzschuk, Osmar Crivelatti, Danilo Isaac Calhares, Jonathas Diniz Vieira Coelho, Adriano Alves Teperino, Luis Marcos dos Reis e Daniel Lopes de Luccas.

O irmão do ex-ajudante, Daniel Barbosa Cid, também foi alvo da CPMI, com pedidos de informação à Receita Federal e ao Banco Central. Os parlamentares querem saber sobre o registro de empresas estrangeiras no nome dele.

A quebra dos sigilos telefônico e telemático do coronel Jean Lawand Júnior também foi aprovada. Um áudio encontrado no celular de Cid revelou conversas em que Lawand, então gerente de ordens do Alto-Comando do Exército, incentivava a realização de um golpe de Estado. Lawand disse a Mauro Cid que Bolsonaro precisava "dar a ordem" para que os militares pudessem agir.

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