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Família compara caso de adolescente encontrado morto no Babilônia à morte de Amarildo

Beatriz, prima de Clayton Modesto, afirma que UPP não ajudou a procurar corpo do jovem

Rio de Janeiro|Do R7

Clayton desapareceu na sexta-feira (21) durante tiroteio no morro da Babilônia, zona sul do Rio
Clayton desapareceu na sexta-feira (21) durante tiroteio no morro da Babilônia, zona sul do Rio Clayton desapareceu na sexta-feira (21) durante tiroteio no morro da Babilônia, zona sul do Rio

A família de Clayton da Silva Modesto, de 17 anos, compara o caso de desaparecimento e morte do adolescente ao do pedreiro Amarildo de Souza. Em julho de 2013, ele foi visto pela última vez entrando em um carro da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha. Nesta quarta-feira (26), o corpo de Clayton foi encontrado em uma mata no morro da Babilônia, também na zona sul carioca. Segundo relatos de moradores, o rapaz foi levado por policiais militares algemados em um carro na sexta-feira (21). Beatriz da Silva Campos, prima de Clayton, afirma que a família só encontrou o corpo por conta própria. 

— Se não tivesse a nossa atitude de chamar os bombeiros para nos ajudar, não teríamos encontrado e seria um Caso Amarildo. Procuramos a UPP, e eles disseram que não teria sido ninguém preso, então não nos ajudaram. 

A ativista de Direitos Humanos Deize Carvalho também comparou a história ao do pedreiro Amarildo. Contudo, para ela, o desenrolar do caso será diferente do que ocorreu com o morador da Rocinha.

— O Cleiton só não seguiu essa linha de um segundo Amarildo porque, graças a Deus, pessoas compareceram, sabiam que uma mãe ia estar desesperada, ia ser mais uma pessoa que ia ficar desaparecida, e uma mãe desesperada. O que causa estranheza é que os policiais da UPP não tomaram nenhum tipo de providência. Por que não acompanharam a família já que eles tinham as informações de que havia um corpo nesse local?

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De acordo com uma familiar, havia um ferimento à bala na parte de trás da cabeça e outro no braço de Clayton, que teriam sido registrados por meio de fotografia.

Policiais militares prestaram depoimento na noite desta quarta-feira (26) sobre a morte do jovem. A informação é da Polícia Civil. Segundo a polícia, familiares também serão intimados a depor e os agentes estão em busca de testemunhas que auxiliem nas investigações.

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Morador da morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, zona sul do Rio, o jovem sumiu após ir à casa de uma tia na comunidade do Babilônia. No mesmo dia, a região foi palco de um intenso confronto. A CPP (Coordenadoria de Polícia Pacificadora) informou que agentes foram recebidos a tiros por dez criminosos no alto do morro. Durante a operação, foram apreendidas armas e drogas.

Frase "Onde Está o Amarildo?" se popularizou após sumiço do pedreiro
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Caso Amarildo

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Amarildo desapareceu no dia 14 de julho de 2013 após ser levado por policiais militares para a sede da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha para averiguação durante a operação Paz Armada, da Polícia Militar. Após o desaparecimento, familiares e vizinhos fizeram protestos que chegaram a fechar o túnel Zuzu Angel. Todos se perguntavam: Onde está o Amarildo?

O caso ganhou repercussão e entrou na pauta dos protestos que tomaram a cidade no segundo semestre do mesmo ano. Em outubro, 25 PMs da UPP da Rocinha foram presos sob acusação de tortura, ocultação de cadáver, fraude processual e formação de quadrilha. Entre eles, o major Edson Santos, comandante da unidade.

De acordo com o MP, o ajudante de pedreiro foi torturado por cerca de 40 minutos em um pequeno depósito atrás do contêiner da UPP da Rocinha. Além de receber choques elétricos, Amarildo teria sido afogado em um balde e sufocado com saco plástico na boca e na cabeça.

Segundo a promotora Carmem Elisa Bastos, quatro PMs teriam sido efetivamente os torturadores de Amarildo: tenente Luiz Medeiros, o sargento Gonçalves e os soldados Maia e Vital. De acordo com depoimentos, 11 policiais receberam ordem do tenente para permanecer dentro do contêiner e puderam ouvir as agressões. Outros 12 vigiavam o local.

Os policiais ouvidos também disseram que o major Edson Santos, hoje preso no complexo de Bangu, ficou em seu escritório, no andar de cima do contêiner, em frente ao local da tortura. As testemunhas também disseram ter ouvido o pedido para trazer uma capa de moto para cobrir o corpo, retirado do depósito pelo telhado em frente à mata.

Segundo a DH, que ouviu 133 pessoas e obteve na Justiça autorização para grampear os celulares dos policiais acusados, um informante dos PMs, que está agora sob o Programa de Proteção de Testemunhas, disse a eles que Amarildo teria a chave de um paiol. O ajudante de pedreiro teria, então, sido torturado para que indicasse a localização desse depósito de armas. A delegada Elen Souto disse que, entre as técnicas usadas, estavam asfixia com saco plástico na cabeça, choques elétricos no corpo molhado e ingestão de cera líquida.

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