A Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) informou nesta quarta-feira (2) que está tentando negociar o pagamento das bolsas dos estudantes e residentes com o Governo. A Secretaria Estadual de Fazenda disse que novos recursos serão liberados apenas quando houver disponibilidade de caixa.
Na última segunda-feira (30), foram liberados R$ 8 milhões para a universidade. Segundo a universidade, as empresas terceirizadas foram pagas e os salários dos trabalhadores já estão em dia, além das bolsas do Prociência e do Proatec.
Por meio de nota, o DCE (Diretório Central dos Estudantes) disse que vai manter a ocupação que começou na segunda-feira (30), por volta das 23h. O coordenador geral do DCE Bruno Pereira contou que a direção da universidade ainda não procurou o diretório e os alunos para conversar. Ainda segundo ele, estão ocupados os campus do Maracanã, Friburgo, Caxias, Rezende e São Gonçalo. Pereira conta que o DCE pretender promover atividades durante a ocupação.
— Estamos nos organizando para fazer atividades culturais, como aulas públicas, que seriam dadas por professores e oficinas de cartazes.
Na próxima sexta-feira (4), ocorrerá uma nova assembleia em dois turnos, 9h30 e 17h, para organizar a ocupação e escutar os estudantes. Os professores que pretendem dar aulas ou aplicar provas estão sendo impedidos de entrar na universidade. Bruno explica que a atitude está sendo tomada, pois pode prejudicar os alunos bolsistas, que sem o recebimento do dinheiro, não têm condições de ir para as aulas. No entanto, a entrada de terceirizados, técnicos administrativos e outros funcionários está liberada.
Veja também: Estudantes da Uerj discutem rumos da ocupação
A direção da faculdade de direito disse ser “ justa a manifestação pacífica” dos estudantes e, pro meio de nota, recomenda o não retorno das aulas até que a situação seja regularizada. Na noite desta terça-feira (1º), a Asduerj também divulgou uma nota apoiando o movimento e exigindo um posicionamento do governo sobre a “grave crise”. Além disso, disse que faltam pagamentos para professores substitutos.
Greve estudantil
Os alunos decretaram greve estudantil após assembleia na tarde de ontem (1º). O movimento reivindica o pagamento do salário dos funcionários terceirizados e das bolsas dos estudantes cotistas e dos residentes. Na página do Facebook Ocupa Uerj, uma nota afirma que os estudantes decidiram na assembleia ocupar outros espaços da universidade, como o Hospital Pedro Ernesto e o corredor da reitoria. O grupo também deve participar de uma manifestação na quinta-feira (3), saindo da Candelária para a Secretaria de Fazenda.
Veja também: Aulas na Uerj são suspensas após paralisação de terceirizados
Segundo a Secretaria de Fazenda do Estado, as empresas terceirizadas — responsáveis por serviços como os de limpeza — foram pagas nesta segunda (30). O valor é de R$ 166 milhões. Desse total, R$ 87 milhões se referem aos pagamentos que seriam efetuados no dia 17 de novembro e estavam atrasados. Outros R$ 79 milhões referem-se a pagamentos do próprio dia 30. Entre os fornecedores que receberam pagamentos, estão os da Uerj, para os quais foram destinados R$ 8 milhões.
Há duas semanas, o pagamento de bolsistas, residentes e de terceirizados da universidade foi suspenso pela Secretaria de Estado de Fazenda por falta de caixa. O motivo, segundo o governo do Estado, é que o pagamento de servidores ativos e inativos não seja afetado. Estudantes e médicos residentes da Uerj também fizeram um protesto no começo da tarde de terça-feira (1°) em frente à universidade na rua São Francisco Xavier. Com cartazes, “Não é culpa da crise” e “Luiz Fernando, não PISE na nossa educação”, em referência ao nome do governador Pezão.
Em nota divulgada em página do Facebook, os estudantes divulgaram a seguinte lista de reivindicações:
— Pagamento dos salários das terceirizadas e das bolsas de estudantes e residentes, incluindo os meses de atraso.
— Criação do passe livre intermodal e intermunicipal para estudantes
— Fim da reavaliação de condição socioeconômica dos cotistas
— Abertura dos livros caixa da Universidade para esclarecer a crise
— Maior estrutura para mães e filhos dentro da universidade
— Investimento de 6% do orçamento do Estado nas universidades estaduais
— Aumento o valor das bolsas, deixando-as equivalentes ao salário mínimo