Policial civil entra na USP carregando fuzil e revolta estudantes: 'Perseguição violenta'
Homem não vestia farda, mas segurava a arma nas mãos; ele estaria apurando um caso de racismo ocorrido no local
São Paulo|Letícia Assis, da Agência Record
Um policial civil foi flagrado ao andar armado com um fuzil pelas dependências do campus Cidade Universitária da USP (Universidade de São Paulo), no Butantã, zona sul da capital paulista, por volta das 13h desta quarta-feira (22). O agente estaria no local para apurar um caso de racismo ocorrido em um dos prédios.
O flagrante do policial aconteceu no Conjunto Residencial da USP, no alojamento estudantil da universidade. A denúncia foi realizada pelo Centro Acadêmico de Ciências Sociais da Universidade de São Paulo, em suas páginas oficiais no Facebook e Instagram.
De acordo com a nota, o agente que portava o fuzil, acompanhado de uma investigadora e um guarda universitário, alegou a necessidade da entrega de uma intimação a uma estudante da unidade.
O policial não estava fardado. Ele vestia calça jeans e camiseta do Justiceiro, personagem dos quadrinhos da Marvel, e carregava apenas o distintivo como meio de identificação. Questionado, disse que estava levando a arma porque não queria deixá-la dentro do carro.
Pichação racista
Segundo o centro acadêmico (CA), um inquérito policial foi aberto para apurar um caso de pichação racista ocorrido no bloco G da universidade, no final de 2022. Uma estudante é acusada de participação no ato em que teria sido escrita em um dos muros a frase "volta pra África", contra um aluno imigrante.
No entanto, segundo o CA, até o momento não foram disponibilizadas as gravações da área que "fundamentem ou comprovem as denúncias contra a estudante". De acordo com a nota, isso torna este acontecimento "um exemplo claro de intimidação e perseguição violenta desproporcional".
"A perseguição da reitoria se torna cada vez mais escrachada e absurda. Não podemos aceitar que esta situação siga acontecendo e que cada dia mais a política reacionária da reitoria, da polícia e demais instâncias sigam avançando. Não podemos permitir que mais estudantes sejam prejudicades, ameaçades e perseguides. Não ficaremos quietos com o avanço da liberdade da polícia no campus, com o atraso dos auxílios, com a perseguição aes estudantes e com a conivência daqueles que deveriam nos representar", escreveu o CA.
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Ainda segundo o CeUPES, a jovem em questão é uma mulher negra em situação de vulnerabilidade social. Nesta quarta (22), ela estava em uma reunião com uma assistente social referente ao não pagamento dos auxílios pela USP.
Os estudantes da universidade ainda relataram problemas relacionados à Prip (Pró-reitoria de Inclusão e Pertencimento) em relação à liberação do auxílio estudantil de permanência.
"Exigimos a retirada imediata da polícia da USP, o pagamento imediato dos auxílios e o fim da perseguição política aes estudantes", completou a organização.
Um ato está programado para ocorrer às 14h desta quinta-feira (23), em frente à reitoria, dentro do campus Cidade Universitária.