Foragido há uma semana, o policial Danilo da Silva Nascimento, de 43 anos, se entregou na tarde deste domingo (21) à Corregedoria da Polícia Civil em São Paulo. A informação foi confirmada pela SSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo). Ele era um dos quatro agentes da Denarc (Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico) ainda soltos que teriam envolvimento em um esquema de extorsão a traficantes de Campinas, no interior de São Paulo, o qual está sendo investigado pelo Ministério Público.
Com a prisão de Nascimento, já chegam a dez o número de policiais presos pela investigação. Os policiais Daniel Dreyer Bazzan, Danilo Leonel Rodrigues Santos e Silvio Cesar de Carvalho Videira ainda estão foragidos.
Nascimento atuava como investigador na 1ª Delegacia da DIG (Divisão de Investigações Gerais), do Denarc. Ele foi preso e encaminhado ao presídio da Polícia Civil.
O esquema pode ter rendido mais de R$ 2 milhões, em menos de um ano aos policiais, segundo as 400 páginas de documentos do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) entregues à Justiça.
A operação
Deflagrada no último dia 15 de junho, a operação liderada pela Corregedoria da Polícia Civil e o MP-SP (Ministério Público de São Paulo) desarticularam a quadrilha de policiais do Denarc suspeitos de roubo, corrupção e extorsão mediante sequestro. As investigações indicaram que os agentes recebiam propina de até R$ 300 mil de traficantes de drogas na capital e na região de Campinas.
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O promotor José Tadeu Baglio ouviu na quarta-feira (17) os depoimentos de dois delegados envolvidos no esquema, Clemente Castilhone Júnior, da Unidade de Investigações, e Fábio Amaral de Alcântara, da 3ª Delegacia de Apoio.
— Os depoimentos aumentaram as convicções do Ministério Público de que houve vazamento de informações no Denarc.
Castilhone Júnior e Alcântara teriam fornecido informações a traficantes sobre a invasão da favela do São Fernando — um dos principais pontos de venda de drogas de Campinas, comandado por Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, que está preso em Presidente Venceslau. Os dois negaram que passaram detalhes da operação policial a criminosos.
Outros dois policiais do 10º Distrito Policial de Campinas também foram chamados para depor, mas ficaram calados. O advogado Ralph Tórtima Sttetinger Filho questionou a validade do depoimento de Andinho usado para incriminar os agentes.
— É a palavra de um delator traficante contra policiais com histórico de combate ao tráfico.
Prisões
A Justiça concedeu, na noite de quinta-feira (18), liberdade ao delegado Clemente Castilhone Júnior. Com isso, oito policiais permaneciam presos por suspeita de envolvimento no esquema criminoso, incluindo o outro delegado. Três continuam foragidos.