O delegado chefe da Unidade de Inteligência do Denarc (Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico), Clemente Castilhone Júnior, deixou o Presídio da Polícia Civil, na zona norte de São Paulo, por volta das 20h desta quinta-feira (18). O policial foi preso na segunda-feira (15), em uma operação conjunta da Corregedoria da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo, por suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas. A liberdade de Castilhone Júnior foi concedida por volta das 18h pelo juiz José Guilherme Di Rienzo Marrey, da 6ª Vara Criminal de Campinas. Segundo o advogado do delegado, João Batista Augusto Júnior, o magistrado e a Promotoria concordaram com o pedido feito pela defesa. — Nós tivemos acesso aos autos na noite de segunda-feira (15). Entendemos que não havia razão para essa prisão. A gente recorreu à revogação da [prisão] temporária na terça-feira (16). O pedido foi encaminhado ao Ministério Público, ele foi ouvido na sede do Gaeco [Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado] em Campinas. Após isso, o Ministério Público também se manifestou favorável à revogação da prisão. Não havia efetivamente motivo algum para essa custódia. Até porque ele já foi ouvido. O advogado ainda disse que o delegado é suspeito apenas de violação do sigilo funcional. Diferente de alguns dos outros presos, que teriam praticado extorsão e outros crimes. — No caso do Clemente, a única suspeita é de relação com o vazamento de informações. Teria vazado uma informação que foi repassada aos traficantes. Ele não tem relação com nenhum dos envolvidos. Polícia Civil divulga nomes e fotos de policiais foragidosA operação A Corregedoria da Polícia Civil e o MP-SP (Ministério Público de São Paulo) desarticularam a quadrilha de policiais do Denarc suspeitos de roubo, corrupção e extorsão mediante sequestro. As investigações indicaram que os agentes recebiam propina de até R$ 300 mil de traficantes de drogas na capital e na região de Campinas. O promotor José Tadeu Baglio ouviu na quarta-feira os depoimentos de dois delegados envolvidos no esquema, Clemente Castilhone Júnior, da Unidade de Investigações, e Fábio Amaral de Alcântara, da 3ª Delegacia de Apoio. — Os depoimentos aumentaram as convicções do Ministério Público de que houve vazamento de informações no Denarc. Castilhone Júnior e Alcântara teriam fornecido informações a traficantes sobre a invasão da favela do São Fernando - um dos principais pontos de venda de drogas de Campinas, comandado por Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, que está preso em Presidente Venceslau. Os dois negaram que passaram detalhes da operação policial a criminosos. Outros dois policiais do 10º Distrito Policial de Campinas também foram chamados para depor, mas ficaram calados. O advogado Ralph Tórtima Sttetinger Filho questionou a validade do depoimento de Andinho usado para incriminar os agentes. — É a palavra de um delator traficante contra policiais com histórico de combate ao tráfico.Prisões Até esta noite, oito policiais permaneciam presos por suspeita de envolvimento no esquema criminoso, incluindo o outro delegado. Quatro agentes continuavam foragidos.