Terminou por volta das 20h desta sexta-feira (19) o quarto dia de julgamento dos 26 acusados de participação no massacre do Carandiru, em 1992. Quatro réus foram ouvidos nessa sessão. Os debates entre defesa e acusação vão ocorrer a partir das 9h de sábado (20). A sentença deve sair em seguida.
Foram ouvidos em plenário, o comandante da segunda companhia da Rota na época, capitão Ronaldo Ribeiro dos Santos; o comandante da Rota durante a invasão, major Aércio Dornellas Santos; o sargento Marcos de Medeiros e o soldado Marco Ricardo Polinato.
Como apenas 24 dos 26 réus compareceram, os outros 20 réus manifestaram ao juiz, um a um, que “seguindo recomendações da advogada e para evitar o cansaço dos jurados”, iriam permanecer em silêncio.
O juiz questionou todos os réus se eles tinham conhecimento da acusação que pesava sobre eles e perguntou se eram inocentes. Todos disseram que sim.
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Último interrogatório
O último interrogatório foi o do soldado da Polícia Militar Marcos Ricardo Polinato. O réu afirmou que ficou ferido no braço esquerdo durante a invasão ao complexo penitenciário do Carandiru. A advogada dos acusados, Ieda Ribeiro de Souza, na tentativa de evitar algum tipo de questionamento, perguntou ao réu se teria a possibilidade de ele ter forjado o ferimento. O soldado respondeu categoricamente.
— Pela minha índole, nunca ia praticar alguma coisa nesse sentido. Depois de dois anos estudando, eu estaria jogando anos de estudo fora.
Durante toda a fase de interrogatórios, a advogada Ieda Ribeiro também fez perguntas de cunho pessoal aos réus na tentativa de "sensibilizar" os jurados. Em resposta a um dos questionamentos da defensora, o major Aércio Dornellas Santos chegou se mostrou emocionado ao contar sobre quando o filho viu o nome dele no Diário Oficial, após receber uma medalha de mérito por ter praticado ato de bravura, colocando em risco a própria vida.
Relembre o caso
O massacre do Carandiru começou após uma discussão entre dois presos dar início a uma rebelião no pavilhão nove. Com a confusão, a tropa de choque da Polícia Militar, comandada pelo coronel Ubiratan Guimarães, foi chamada para conter a revolta. Foram mortos 111 detentos.
Ao todo, 286 policiais militares entraram no complexo penitenciário do Carandiru para conter a rebelião em 1992, desses 84 foram acusados de homicídio. Desde aquela época, cinco morreram e agora restam 79 para serem levados a julgamento.
Até hoje, apenas Ubiratan Guimarães chegou a ser condenado a 632 anos de prisão, porém um recurso absolveu o réu e ele não chegou a passar um dia na cadeia. Em setembro de 2006, Guimarães foi encontrado morto com um tiro na barriga em seu apartamento nos Jardins. A ex-namorada dele, a advogada Carla Cepollina, foi a julgamento em novembro do ano passado pelo crime e absolvida.