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Sargento que usou metralhadora no Carandiru afirma que viu detentos com estiletes em direção aos policiais

Réu disse que efetuou disparos mas não lembra se atingiu detento 

São Paulo|Vanessa Beltrão, do R7

Réus prestaram depoimento nesta sexta-feira, no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo
Réus prestaram depoimento nesta sexta-feira, no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo Réus prestaram depoimento nesta sexta-feira, no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo

O sargento Marcos Antônio de Medeiros, que na época do massacre do Carandiru, em 1992, era sargento da Polícia Militar e integrava a Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar), foi o penúltimo réu a falar nesta sexta-feira (19), durante o quarto dia de júri. O policial militar entrou no pavilhão nove usando uma metralhadora para, segundo ele, fazer a segurança da tropa.

Ele afirmou em plenário ter visto presos “com estiletes” em “direção aos policiais” em uma “ação suicida”, mas que não viu detentos atacando efetivamente um PM. Ao todo, 26 policiais militares acusados de participação no episódio, conhecido como massacre do Carandiru, estão sendo julgados desde a última segunda-feira (15), no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo.

Medeiros também integrava a tropa comandada pelo major Aércio Dornellas Santos, que também prestou depoimento nesta sexta-feira, e tinha a função de ocupar o lado esquerdo do segundo pavimento do pavilhão nove. Questionado pelo juiz José Augusto Nardy Marzagão se chegou a efetuar disparos da metralhadora, o réu falou que sim, mas apenas no final do corredor do segundo pavimento e que não lembrava se havia atingido algum detento.

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O sargento fez questão de afirmar que os tiros não foram dados na forma de rajadas (disparos feitos continuamente), mas sim de forma intermitente (disparos único como um revólver).

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— Em nenhuma situação se usa metralhadora na rajada.

O réu contou também que, durante ação, foi atingido por um pedaço de madeira, ficou ferido na cabeça e na testa, chegou a ser socorrido e fez exame de corpo delito.

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Para esta sexta-feira, ainda está previsto o interrogatório de Marco Ricardo Polinato. Antes do sargento Marcos de Medeiros, foi ouvido o major Aércio Dornellas Santos, Ronaldo Ribeiro dos Santos, capitão e comandante da 2ª Companhia da Rota na época do massacre.

Como apenas 24 dos 26 réus compareceram, os outros 20 réus manifestaram ao juiz, um a um, que “seguindo recomendações da advogada e para evitar o cansaço dos jurados”, iriam permanecer em silêncio.

O juiz questionou todos os réus se eles tinham conhecimento da acusação que pesava sobre eles e perguntou se eram inocentes. Todos disseram que sim.

Mesmo diante da manifestação de permanecer em silêncio, a promotoria perguntou aos réus se eles não queriam “aproveitar o único momento para falar com os jurados para esclarecer o envolvimento” de cada um deles no dia do massacre do Carandiru.

Após o interrogatório, ocorrerá a fase de debates e, na sequência, os jurados irão se reunir para decidir se os réus são culpados ou inocentes.

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Relembre o caso 

O massacre do Carandiru começou após uma discussão entre dois presos dar início a uma rebelião no pavilhão nove. Com a confusão, a tropa de choque da Polícia Militar, comandada pelo coronel Ubiratan Guimarães, foi chamada para conter a revolta.

Ao todo, 286 policiais militares entraram no complexo penitenciário do Carandiru para conter a rebelião em 1992, desses 84 foram acusados de homicídio. Desde aquela época, cinco morreram e agora restam 79 para serem levados a julgamento.

Até hoje, apenas Ubiratan Guimarães chegou a ser condenado a 632 anos de prisão, porém um recurso absolveu o réu e ele não chegou a passar um dia na cadeia. Em setembro de 2006, Guimarães foi encontrado morto com um tiro na barriga em seu apartamento nos Jardins. A ex-namorada dele, a advogada Carla Cepollina, foi a julgamento em novembro do ano passado pelo crime e absolvida.

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