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Entenda o transtorno delirante, doença do agressor de Bolsonaro

Adélio Bispo de Oliveira, que esfaqueou o presidente no ano passado, foi diagnosticado por peritos com transtorno delirante permanente paranoide

Saúde|Deborah Giannini, do R7

Adélio foi diagnosticado com transtorno delirante permanente paranoide
Adélio foi diagnosticado com transtorno delirante permanente paranoide Adélio foi diagnosticado com transtorno delirante permanente paranoide

O laudo realizado por peritos indicados pela Justiça Federal indicou que Adélio Bispo de Oliveira, que esfaqueou o presidente Jair Bolsonaro (PSL) em 6 de setembro de 2018, tem transtorno delirante permanente paranoide, segundo publicado pelo Estadão.

O psiquiatra Ivan Mario Braun explica que a pessoa que tem esse transtorno apresenta delírios auto-referenciais, ou seja, ela acredita que está ligada a situações sem que na verdade esteja.

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"Por exemplo: ela está andando na rua e vê pessoas conversando. Ela tem a convicção de que as pessoas estão falando entre si porque existe um complô contra ela", afirma.

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Segundo ele, pequenos indícios já provocam os pensamentos delirantes. "Pessoas olhando de forma diferente já reforça o delíro. E o conteúdo desse delírio é bastante variável, mas os mais frequentes são os delírios de perseguição. Ela acha que existe uma conspiração contra ela e acaba envolvendo pessoas reais nesses delírios. Essa conspiração pode ser até uma conspiração mundial", diz.

Transtorno é diferente da esquizofrenia

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Esse tipo de delíro pode também ocorrer na esquizofrenia, mas essa doença conta com outros sintomas como alucinações auditivas, nas quais a pessoa ouve vozes que dão ordens para ela ou falam entre si. Já no transtorno delirante permanente paranoide o delírio se limita ao pensamento - não existem alucinações. "Tanto que muitas vezes esse transtorno passa despercebido. A pessoa tem um comportamento normal no dia-a-dia e, quando se faz uma investigação, ela tem um delírio que não aparece, mas está lá guardado", diz.

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Já no caso da esquizofrenia a doença é mais evidente, segundo o psiquiatra. "Existe um empobrecimento da personalidade, quando o tratamento não funciona. A pessoa vai perdendo motivação, o desempenho escolar ou no trabalho, a capacidade de lidar com as pessoas. Quando você conversa com ela, vê que existe algo diferente no olhar, na forma como ela fala. Pode apresentar um comportamento social fora dos padrões. Mas há tratamento e muitos ficam muito bem", afirma.

Todo transtorno pode ter graus diferentes, de acordo com Braun. "Como exemplo, conheci um homem que levava uma vida normal, trabalhava e tinha família, porém, conversando com ele, percebi que tinha transtorno delirante. Ele falou que uma pessoa o vinha acompanhando desde a época que chegou ao Brasil, que a pessoa o perseguia", conta.

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O tratamento é por meio de medicação antipsicótica. "Há pessoas que ficam bem com o tratamento e outras que são resistentes. Há ainda aquelas que melhoram em relação à ameaça, à fuga, levam uma vida normal, mas no fundo o delírio continua lá", explica.

O psiquiatra ressalta que a terapia não leva à cura nesse tipo de transtorno. É preciso tratemento medicamentoso com psiquiatra. 

Um dos aspectos dessa doença é a ausência de crítica em relação ao problema. "Pode saber todos os sintomas, mas não percebe que os tem. Se tem desconfiança não é delírio. O delirante não desconfia, ele tem certeza de que aquilo está acontecendo", diz.

"Geralmente, as pessoas com o transtorno são trazidas ao consultório por parentes porque começam a atuar em cima do delírio, por exemplo, vão à delegacia fazer denúncia, fazem agressões", completa.

Acredita-se que haja um componente hereditário na doença. "Existe sempre uma interação entre predisposição genética e ambiente. Pessoas com predisposição podem não desenvolver o transtorno, mas o oposto também acontece", afirma.

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