Cientistas brasileiros descobrem nova espécie de sapo fluorescente
Pesquisadores consideram anfíbios encontrados em São Paulo extremamente venenosos apesar de medirem 16 milímetros
Tecnologia e Ciência|João Melo, Do R7*
Cientistas brasileiros descobriram uma nova espécie de sapo-abóbora (Brachycephalus ephippium), agora de cor laranja, que é capaz de brilhar quando exposta à luz ultravioleta. O artigo científico que detalha a descoberta foipublicado na revista científica Plos One na última quarta-feira (28).
Testes de DNA feitos pelos especialistas durante o período de estudos mostraram que os novos sapos fluorescentes diferem em aproximadamente 3% de outras espécies parecidas já encontradas na natureza. Essa porcentagem foi o suficiente para anunciar que eles pertencem a uma nova espécie.
Para encontrarem os novos anfíbios, os pesquisadores coletaram cerca de 276 sapos durante uma pesquisa de campo realizada em uma região de Mata Atlântica localizada na Serra da Mantiqueira, em São Paulo.
Especialistas da Universidade Estadual Paulista, da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul e do Projeto Dacnis, com sede em Ubatuba, fizeram diversas visitas ao local entre 2017 e 2019 para reunir todas as informações possíveis sobre a espécie inusitada que encontraram.
Os sapos-abóbora possuem menos de 16 milímetros, podendo caber em cima da unha de uma pessoa. Mesmo assim, se engana quem acha que, por serem minúsculos, estes animais não oferecem perigo. Os cientistas consideraram os anfíbios recém-identificados extremamente venenosos, uma vez que eles liberam uma substância chamada tetrodotoxina, a mesma encontrada em peixes baiacu.
Seres humanos não conseguem ver a nova espécie de sapos a condições naturais de luz e, por conta disso, os pesquisadores precisaram utilizar uma luz ultravioleta para iluminar os animais, que brilham quando expostos a este tipo de iluminação. Ainda assim, os cientistas ainda não sabem ao certo o porquê dos anfíbios terem esta característica.
“Há uma ideia de que a fluorescência atua como sinais para parceiros em potencial, para sinalizar para machos rivais ou algum outro papel biológico”, destacou Ivan Nunes, um dos biólogos envolvidos no estudo, em entrevista à Smithsonian Magazine.
*estagiário do R7, sob supervisão de André Avelar