Conheça Nicolinha, a astrônoma de 8 anos que já achou 7 asteroides
Menina tem um canal no YouTube e é fundadora de um clube online que ensina curiosidades sobre o espaço para outras crianças
Tecnologia e Ciência|Sofia Pilagallo*, do R7
Com apenas dois anos de idade, a alagoana Nicole Oliveira mal sabia falar, mas já conhecia palavras suficientes para fazer um pedido um tanto inusitado: "Mamãe, eu quero uma estrela". A mãe, Zilma Janacá, não entendia e a presenteava com estrelas de brinquedo.
Levou cerca de três anos para Zilma perceber que Nicolinha, como a menina é conhecida por todos, queria mesmo era uma estrela de verdade, daquelas que brilham no céu noturno e estão a anos-luz de distância da Terra. O planeta Saturno também a encanta, mas ela conta que prefere estudar os asteroides.
"Eu fiz uma palestra sobre o asteroide Bennu e, desde então, passei a estudar e me interessar por vários outros asteroides", afirma Nicole, hoje com oito anos. "Gosto de todos os astros, mas acho os asteroides particularmente fascinantes."
Não por acaso, desde o ano passado, Nicolinha contribui com o Caça Asteroides, um programa de ciência cidadã da Nasa, a agência espacial norte-americana, por meio do qual detectou sete astros do tipo vagando pelo espaço com a ajuda de um software.
Ela também tem um canal no YouTube sobre astronomia, criado em 2019, é fundadora de um clube online sobre o assunto e a sócia mais jovem do CEAAL (Centro de Estudos Astronômicos de Alagoas), uma instituição que reúne astrônomos amadores de todo o Brasil.
Aos 5 anos, Nicole manifestou o primeiro interesse em realizar um curso sobre astronomia e começou a procurar na internet até encontrar o CEAAL. Em um primeiro momento, o presidente da instituição informou que, devido à idade, ela não poderia participar — mas isso não a fez desistir.
"Nicolinha insistiu e, quando completou seis anos, ganhou a oportunidade de participar do curso", diz Zilma. "Assistiu a todas as aulas, fez a prova, passou e se tornou a sócia mais nova da instituição."
O feito chamou a atenção e Nicole passou a ser convidada para ministrar palestras em escolas de Maceió, sua cidade natal, e no próprio CEAAL. Com a chegada da pandemia, no entanto, as atividades presenciais foram suspensas e a agitada rotina foi substituída por dias longos e enfadonhos.
Nicolinha, claro, ficou chateada com a situação, mas não se deixou abalar e "transformou a tristeza em oportunidade", nas palavras da mãe. Foi naquele momento que surgiu a ideia de criar o clube online Nicolinha&Kids, que com dois meses de criação, já reúne 45 crianças.
"Eu comecei a procurar na internet e vi que não havia nenhum clube online sobre astronomia voltado para crianças", afirma Nicole. "Tanto no clube quanto no canal, eu falo sobre tudo que envolve astronomia e trago professores para participar."
Tudo começou com um grupo no WhatsApp junto com outras três amigas que também se interessam por astronomia. Em um determinado momento, muitas crianças começaram a entrar na comunidade e, a pedido de Nicolinha, Zilma criou um perfil no Instagram para o clube.
Atualmente, o perfil no Instagram tem 6 mil seguidores e o canal conta com mais de mil inscritos. A mãe e o pai de Nicole são os responsáveis pela edição dos vídeos, mas é a filha quem prepara todo o material e entra em contato com os especialistas para convidá-los a participar.
Grandes sonhos
Em meio a uma rotina atípica para uma criança de oito anos, Nicolinha consegue ainda conciliar os diversos projetos e a escola, que, segundo Zilma, é e sempre será a prioridade da menina.
Uma única vez, lembra Nicole, ela foi dispensada da aula para realizar um grande feito: palestrar no 1º Seminário Internacional de Astronomia e Aeronáutica do MCTI (Ministério da Ciência, da Tecnologia e das Inovações), realizado virtualmente em junho deste ano.
Apesar de ainda muito nova, Nicolinha reconhece a importância dos estudos e sabe exatamente qual caminho seguir quando se formar no Ensino Médio, daqui a muitos anos. Curiosamente, seu grande sonho não é ser uma astronauta.
"Viajar ao espaço deve ser incrível, mas, ainda assim, prefiro ficar aqui embaixo (risos)", diz. "Quero me tornar engenheira aeroespacial e construir foguetes para levar astronautas em importantes missões espaciais."
*Estagiária do R7 sob supervisão de Pablo Marques