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Europa restringe circulação de lote de frango congelado do Brasil

Frango e derivados estão impedidos de cruzar postos alfandegários por risco de salmonella; Ministério diz que não há restrição às exportações brasileiras

Brasil|Diego Junqueira, do R7

Investigações da PF identificaram fraudes em certificações solicitadas pela BRF
Investigações da PF identificaram fraudes em certificações solicitadas pela BRF Investigações da PF identificaram fraudes em certificações solicitadas pela BRF

A União Europeia emitiu em 2018 ao menos 37 notificações alertando para a presença da bactéria salmonella em lotes de aves congeladas vindas do Brasil, o que impede esses lotes de circularem pelo território europeu.

A última restrição de fronteira (“border rejection”, na sigla em inglês) foi emitida na segunda-feira (5), a pedido da Alemanha, que identificou risco para a presença da bactéria salmonella em carnes de frango congelado e seus derivados produzidos no Brasil.

A notificação da Alemanha foi emitida após uma amostra coletada em 5 de fevereiro testar positivo para a salmonella.

A decisão foi tomada no mesmo dia em que a Polícia Federal do Brasil deflagrou a terceira fase da operação Carne Fraca (chamada “Operação Trapaça”). As investigações — realizadas com apoio do Ministério da Agricultura — identificaram que a BRF (dona das marcas Sadia e Perdigão) adulterava testes de laboratório para burlar rígidas regras de exportação e as fiscalizações sanitárias brasileiras.

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O caso é considerado “sério” pelo Sistema de Alerta Rápido para Alimentos e Rações (RASFF, na sigla em inglês), subordinado à Comissão Europeia de Saúde e Segurança Alimentar.

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A RASFF emite notificações quando são identificados riscos em alimentos, rações ou materiais que tiveram contato com alimentos que já chegaram aos mercados locais ou foram barrados na alfândega de algum país membro.

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As notificações são classificadas em três tipos: alerta; informação; e restrição de fronteira.

Os alertas são a notificação mais grave. Eles são emitidos quando um alimento que apresenta sérios riscos à saúde já foi distribuído aos mercados, o que exige uma ação rápida das autoridades, como a retirada dos produtos dos estabelecimentos de venda.

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As notificações de informação também consideram que um risco foi identificado em alimentos que já estão dentro do território, mas que não exige ação rápida das autoridades. Isso depende de o produto ter chegado aos consumidores ou porque o risco identificado não exige ação rápida.

PF cumpriu na segunda mais de 50 mandados judiciais em endereços ligados à BRF, dona da Sadia e da Perdigão
PF cumpriu na segunda mais de 50 mandados judiciais em endereços ligados à BRF, dona da Sadia e da Perdigão PF cumpriu na segunda mais de 50 mandados judiciais em endereços ligados à BRF, dona da Sadia e da Perdigão

O terceiro tipo de notificação são as restrições de fronteira, emitidas para lotes de alimentos e rações que tenham sido testados e reprovados fora da União Europeia.

Essa notificação — agora emitida contra derivados de frango do Brasil — é enviada a todos os postos alfandegários do bloco europeu para reforçar o controle e assegurar que os produtos não continuem circulando dentro do território.

Em resposta a questionamentos do R7, o Ministério da Agricultura informa que não há restrições para venda de carnes de frango congelado e derivados na Europa.

A pasta informa que “houve pedido de informações” por parte da União Europeia, e também por Hong Kong, e que os questionamentos já foram respondidos diretamente pelo ministro Blairo Maggi.

Por meio da assessoria de imprensa, a pasta afirma que, após a operação da PF nesta segunda, decidiu “suspender a certificação dos estabelecimentos" envolvidos na investigação, que estão agora impedidos de "exportar para 12 destinos que têm maiores restrições à presença de Salmonella”: África do Sul, Argélia, Coreia do Sul, Israel, Irã, Macedônia, Maurício, Tadjiquistão, Suíça, Ucrânia, Vietnã e União Europeia.

"Controles específicos sobre presença de salmonela nas carnes de aves são estabelecidos por este MAPA desde 2003, seguindo padrões internacionais, mediante o Programa de Redução de Patógenos Monitoramento Microbiológico e Controle de Salmonella sp. em Carcaças de Frangos e Perus", informa o ministério.

Salmonella causa riscos à saúde?

O Ministério da Agricultura divulgou ontem uma nota em que diz que a fraude identificada pela PF não coloca a saúde das pessoas em risco.

De acordo com o comunicado, a presença da bactéria salmonela é comum, principalmente em carnes de aves, pois faz parte da flora intestinal desses animais. No entanto, quando a carne é preparada de forma adequada, cozida, assada ou frita, a bactéria é destruída por causa da temperatura alta.

Se não for destruída na preparação do alimento, essa bactéria pode causar inflamações no intestino. Os principais sintomas são diarreia, vômito e desidratação.

Como a salmonella é comum, o Brasil tolera que 20% de seus produtos contenham a bactéria — ou seja, quando um lote de alimento é testado, apenas 20% das amostras podem conter a salmonella.

Há países, no entanto, em que o controle é mais rígido. na União Europeia, por exemplo, o limite é de 11,3%.

De acordo com o Ministério da Agricultura, "não existem medidas efetivas de controle que possam eliminá-la da carne crua". "Assim, são necessários controles no âmbito da produção das aves à campo e nos estabelecimentos industriais de abate, visando evitar a presença de cepas patogênicas nos produtos de aves destinados ao consumo humano", informa a pasta.

Mitos e verdades: tudo o que você precisa saber sobre a salmonella

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