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Planalto produz relatórios que interpretam fatos do país

Comandados por Carlos, assessores de Bolsonaro são defensores da pauta de costumes e também responsáveis pelas redes sociais da Presidência

Brasil|Do R7

Michelle é uma das poucas pessoas que conseguem amenizar tuítes de Bolsonaro
Michelle é uma das poucas pessoas que conseguem amenizar tuítes de Bolsonaro

O Palácio do Planalto abriga um núcleo de assessores que tem forte influência sobre o presidente Jair Bolsonaro e é conhecido como "gabinete do ódio".

Defensores da pauta de costumes, eles produzem relatórios diários, com suas interpretações, sobre fatos do Brasil e do mundo e são responsáveis pelas redes sociais da Presidência da República.

Essa ala ideológica faz a cabeça de Bolsonaro e o incentiva a adotar um estilo beligerante no governo.

Com a senha das redes do pai, o vereador licenciado Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), o "02" do presidente, dá ordens para os assessores Tércio Arnaud Tomaz, José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz.

Os três são da confiança do vereador e do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) - o filho "03", que Bolsonaro quer emplacar na embaixada dos Estados Unidos.


O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), primogênito, tem horror ao trio.

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Filipe Martins, o assessor para Assuntos Internacionais de Bolsonaro, também faz parte desse grupo.


Tércio, José Matheus, Diniz e Filipe despacham no terceiro andar do Planalto, ao lado do presidente.

Outro integrante do núcleo é Célio Faria Júnior, que Bolsonaro trouxe da Marinha e hoje é chefe da Assessoria Especial da Presidência.


Com carta branca para entrar no Planalto, o assessor parlamentar Leonardo Rodrigues de Jesus, o Leo Índio, primo dos filhos de Bolsonaro, virou uma espécie de "espião voluntário" do governo.

Léo Índio já produziu dossiês informais de "infiltrados e comunistas" nas estruturas federais, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo.

O então ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, comprou briga com Carlos e com ele. Foi demitido.

Quando Flávio saiu de férias e viajou para a Bahia, em meados de julho, auxiliares de Bolsonaro no Planalto ficaram preocupados.

A portas fechadas, no segundo andar daquele prédio erguido com colunas "leves como penas pousando no chão", como gostava de comparar o arquiteto Oscar Niemeyer, um assessor chegou a dizer que, sem Flávio em Brasília, o "gabinete do ódio" ficaria incontrolável.

O comentário reflete a tensão que tomou conta do Planalto. Nos bastidores, essa "repartição" é vista como responsável pelo afastamento cada vez maior entre Flávio e Carlos, apelidado de "Carluxo".

Considerado o "pit bull" da família, Carlos cria estratégias para as mídias digitais do pai e sempre defendeu a tática do confronto para administrar, em oposição a Flávio, dono de estilo conciliador.

Na prática, mesmo quando não está em Brasília, o vereador comanda o núcleo ideológico, emite opiniões polêmicas, chama a imprensa de "lixo" e lança provocações contra aliados do pai, como o vice-presidente Hamilton Mourão, tido por essa ala como "traidor".

Gabinete é comandado por Carlos Bolsonaro

A equipe do "gabinete do ódio" não aceita interferências dos profissionais da Secretaria de Comunicação.

Segue ordens de Carlos, que atua sob a inspiração do escritor Olavo de Carvalho, e várias vezes já convenceu Bolsonaro a adotar posição mais dura como no fim de julho, quando ele desistiu de receber o chanceler da França, Jean-Yves Le Drian, e depois apareceu em uma "live" cortando o cabelo, em um estilo "gente como a gente".

Flávio%2C vira e mexe%2C pede para o pai baixar o tom. Às vezes é ouvido%2C fato que provoca a ira do "02".

Mesmo investigado no caso de Fabrício Queiroz - o ex-assessor suspeito de comandar um esquema de "rachadinha" na Assembleia do Rio -, o senador tem atuado como articulador político do Planalto, ao lado do general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo.

Em jantares com senadores, Flávio leva o irmão Eduardo a tiracolo, diz que o conhecimento do caçula sobre os EUA vai muito além do hambúrguer e tenta apaziguar atritos provocados por Carlos nas redes sociais.

"Esse núcleo ideológico atrapalha muito nossa vida aqui no Congresso", disse o deputado Coronel Tadeu (PSL-SP). "Desse jeito, o PSL vai acabar sofrendo uma derrota atrás da outra."

Nos últimos dias, um tuíte de Carlos azedou o clima na Câmara, no Senado e no Supremo Tribunal Federal.

O vereador escreveu que "por vias democráticas, a transformação que o Brasil quer não acontecerá no ritmo que almejamos". Bolsonaro apoiou o filho.

Flávio ficou em silêncio. O primogênito disse a um amigo que, se fizesse algum comentário, exporia uma crise.

Além do senador, a primeira-dama Michelle também consegue fazer o marido amenizar os tuítes, de vez em quando.

Foi ela, por exemplo, quem pediu para o presidente apagar comentário feito por ele em um post de internauta dizendo que a mulher do presidente da França, Emmanuel Macron, era feia.

Michelle considerou a mensagem machista e deselegante. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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