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Suspeita de captar propinas, gráfica ligada ao PT teria movimentado R$ 67 milhões em cinco anos, aponta PF

Investigadores suspeitam que existam relações da Odebrecht com a Gráfica Atitude

Brasil|Do R7

PF chegou ao montante de R$ 67,7 milhões em possíveis propinas envolvendo a Editora Gráfica Atitude
PF chegou ao montante de R$ 67,7 milhões em possíveis propinas envolvendo a Editora Gráfica Atitude

Relatório de Inteligência Financeira da Operação Lava Jato mostra que a Editora Gráfica Atitude, sob suspeita de ter sido usada para captar propinas para o PT, movimentou R$ 67,7 milhões entre junho de 2010 e abril de 2015.

A gráfica, controlada pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo — entidade ligada ao PT —, é alvo de uma investigação da Polícia Federal que atribuiu ao ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro do esquema Petrobrás.

O Relatório de Inteligência foi produzido pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e anexado aos autos da Lava Jato na segunda-feira (20). O documento integra o dossiê de indiciamento do empresário Marcelo Bahia Odebrecht, presidente da maior empreiteira do País, a quem a Polícia Federal imputa os mesmos crimes de Vaccari e também organização criminosa e crime contra a ordem econômica.

Os investigadores suspeitam que existam relações da Odebrecht com a Gráfica Atitude. Um dos fatos registrados no relatório do delegado Eduardo Mauat da Silva é um jantar organizado pelo empreiteiro em sua residência, em 2012, a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


Despertou a atenção dos investigadores da Lava Jato, o fato de que entre empresários e banqueiros foram convidados dois sindicalistas, administradores da gráfica — Juvandia Morandia Leite, presidente do Sindicato dos Bancários, e Sérgio Aparecido Nobre, do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, reduto sindical que celebrizou Lula nos anos 70.

Inteligência


A devassa nas contas da Atitude revela que entre agosto e 2008 e janeiro de 2010 a empresa Observatório Brasileiro de Mídia — da qual Juvandia consta como presidente — recebeu R$ 833 mil da gráfica, por meio de 40 operações bancárias.

O documento revelou ainda que R$ 17,95 milhões foram depositados em espécie na conta da Editora Gráfica Atitude, por meio de 137 operações, entre dezembro de 2007 e março de 2015, pelo Sindicato dos Bancários.


A Atitude caiu no radar da PF desde que o empresário Augusto Ribeiro de Mendonça, um dos delatores da Lava Jato, declarou que em 2010 o então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto — preso desde abril de 2015 sob acusação de corrupção e lavagem de dinheiro —, lhe pediu que "doasse" R$ 2,4 milhões para o PT por meio de depósito em conta da gráfica.

Segundo Mendonça, um contrato assinado entre uma empresa dele, a Setec, com a Gráfica Atitude estipulou o repasse de R$ 1,2 milhão, em pagamentos mensais de R$ 100 mil.

Quebra de sigilo bancário da gráfica ligada ao PT apontou a existência de depósitos que totalizaram R$ 2,25 milhões, entre 2010 e 2013 nas contas da Gráfica Atitude, oriundos de três empresas controladas pelo delator, Projetec Projetos e Tecnologia, Tipuana Participações e SOG Óleo e Gás.

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A análise das movimentações bancárias encampa o período em que as empresas de Mendonça fizeram repasses ao PT via gráfica, a pedido de Vaccari. O ex-tesoureiro do partido foi um dos dirigentes do sindicato dos bancários.

Segundo o documento de inteligência financeira, os débitos, entre 2010 e 2015, totalizaram R$ 33,88 milhões, dos quais R$ 8,31 milhões por meio de 1.861 TEDs, DOCs e transferências entre contas, R$ 7,3 milhões constando como pagamentos diversos, R$ 7,09 milhões para quitar 1.257 depósitos e R$ 5,85 milhões pagos pela compensação de 1.592 cheques.

Defesas

A assessoria de Juvandia Moreira Leite, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, não retornou contatos da reportagem.

O criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso tem reiterado taxativamente que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto jamais pediu propinas.

O PT afirma que todas as doações que recebeu tiveram origem lícita e foram declaradas à Justiça eleitoral.

A Odebrecht sustenta que não participou do cartel de empreiteiras na Petrobras e que nunca pagou propinas.

Quando teve seu nome citado por Augusto de Mendonça, a gráfica Atitude, por meio de seu coordenador de planejamento editorial, Paulo Salvador, afirmou que nunca tratou de patrocínios para a empresa do lobista com o tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Salvador, contudo, evitou responder ao ser questionado sobre a delação do executivo, que afirmou ter depositado valores na conta da gráfica a pedido de Vaccari. "Não recebemos nenhuma demanda da Justiça ainda."

Na ocasião, ele afirmou que a Atitude não pertence ao PT ou à CUT, mas possui uma "afinidade política" com a sigla nos temas que aborda em suas publicações.

Por meio de nota, a Editora Gráfica Atitude nega ter recebido R$ 17,95 milhões entre dezembro de 2007 e março de 2015. A empresa acrescenta que todas as transações financeiras acontecem por meio de uma única conta bancária e que a receita média entre junho de 2010 e abril de 2015 foi de R$ 6,1 milhões ao ano.

A nota ainda nega qualquer relação da editora com a Odebrecht e acrescenta que “toda a receita da empresa destina-se ao custeio das atividades de produção jornalística”.

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