Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Barco à deriva encontrado com 9 corpos no Pará teria saído da Mauritânia, diz relatório da PF

Documento obtido pela RECORD aponta que objetos encontrados na embarcação indicam a presença de mais de 20 passageiros a bordo

Brasília|Natália Martins, da RECORD

Embarcação foi localizada por pescadores (Divulgação/Polícia Federal)

Um relatório preliminar obtido pela RECORD aponta que havia mais pessoas na embarcação onde foram encontrados nove corpos no Pará. Em 13 de abril, pescadores encontraram um barco à deriva com corpos em estado avançado de decomposição nas proximidades da Ilha de Canelas, no município de Bragança (PA). De acordo com o novo relatório, objetos de uso individual encontrados no barco indicam a presença de mais de 20 passageiros a bordo. “O elevado quantitativo de capas de chuva [25] e de celulares [27] indica que, no momento da partida, o número de pessoas que estavam à bordo era muito superior ao número que chegou à costa brasileira”, diz o documento. Isso leva a perícia a acreditar que a embarcação saiu da Mauritânia, país situado no noroeste da África.

O relatório aponta que “o quantitativo é compatível com relatos do fenômeno migratório na Mauritânia, que apontam para barcos com as mesmas características, transportando entre 30 e 40 pessoas”.

Investigações

A Policia Federal adotou o método internacional de identificação de vítimas de desastre da Interpol. Os exames foram finalizados na quarta-feira (24), a partir de coleta de dados de potenciais familiares residentes na África, por meio de cooperação internacional para comparação com o dos corpos.

Esses familiares serão localizados a partir dos elementos encontrados, como documentos e pertences que podem ser identificadores, e pelos números nas agendas dos celulares.

Publicidade

Entre os materiais examinados até o momento, foram encontrados os seguintes elementos indicativos de nacionalidades:

• Documentos de identidade de cidadãos da Mauritânia e Mali;

Publicidade

• Anotações contendo números telefônicos com DDI da Mauritânia e República do Congo;

• Cédulas de papel moeda da Mauritânia; e

Publicidade

• Anotações com números telefônicos compatíveis com outros países da África, que estão sendo verificadas.

A principal suspeita é de que a embarcação tenha seguido a direção errada quando se aproximava do arquipélago espanhol das Ilhas Canárias, para onde as vítimas pretendiam emigrar. Como a saída de pessoas dos países da África Ocidental é um problema humanitário, com histórico de milhares de desaparecidos, faltam dados organizados sobre essas pessoas. Por isso o relatório diz que o trabalho de identificação pode demorar e não há prazo estimado para identificação dos corpos.

Diante do quadro de imprevisibilidade, adotando recomendações internacionais para situações semelhantes, optou-se pelo sepultamento temporário dos corpos, enquanto são realizadas as medidas de cooperação para coleta de dados junto aos países de origem, para posterior vinculação de identidade.

Sem descartar pessoas de outros países, o relatório pediu que as embaixadas de Mali, Mauritânia e Congo, países com “elevada probabilidade” de origem das vitimas, fossem avisadas sobre o enterro. Também foi feito um pedido de ajuda e cooperação internacional para localização de parentes dessas vitimas.

Relembre o caso

Pescadores encontraram um barco à deriva com corpos em estado avançado de decomposição nas proximidades da Ilha de Canelas, no município de Bragança (PA), na manhã de 13 de abril. A Polícia Federal enviou peritos e papiloscopistas de Brasília para investigar o caso. “Um dos principais objetivos é descobrir quem eram as pessoas no barco, usando protocolos de DVI (Identificação de Vítimas de Desastres). O inquérito é de responsabilidade da PF no Pará”, disse a corporação.

A Marinha do Brasil e o MPF (Ministério Público Federal) também investigam o caso. Inspetores navais da Capitania dos Portos da Amazônia Oriental foram enviados ao local. O MPF abriu investigações, sendo uma criminal, que foca eventuais crimes cometidos e na responsabilização penal de autores, e outra cível, que apura questões de interesse público e da proteção de direitos que não necessariamente envolvem crimes.

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.