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CPI: G7 se reunirá para alinhar relatório, e Renan admite ajustes

O encontro ocorrerá na segunda (18) com o objetivo de deixar o texto pronto para ser aprovado pela maioria

Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília

O senador Renan Calheiros fará mudanças no relatório
O senador Renan Calheiros fará mudanças no relatório O senador Renan Calheiros fará mudanças no relatório

A última semana da CPI da Covid-19 começará com uma reunião com o G7 — grupo de senadores de oposição e independentes que são maioria — para alinhar o teor do relatório final, a fim de levar o texto sem ruídos para votação e aprovação em sessão. O encontro está marcado para segunda-feira (18), conforme confirmou o relator da CPI, Renan Calheiros, ao R7. "Pelo que eu sei, não há nenhuma divergência com o que eu penso", adiantou. 

Nesta semana, parte do conteúdo do relatório final repercutiu na imprensa, em especial os 11 crimes nos quais Bolsonaro deve ser indiciado, entre eles homicídio comissivo por omissão no enfrentamento à Covid, genocídio de indígenas, prevaricação, charlatanismo e crime de responsabilidade. 

Há, no entanto, dúvidas por parte de alguns membros da comissão sobre a necessidade de diversificar o leque de crimes no lugar de focar os mais robustos. Por isso, nos bastidores, o receio é que a denúncia seja vista como um ataque político, sobretudo com a proximidade das eleições. 

Apesar de afirmar não ter recebido diretamente nenhuma queixa até o momento, Calheiros admite mudanças. "É natural que haja divergências em relação a alguns pontos. Nós não somos iguais. Vivemos em um grupo hegemônico, mas o segredo dessa convivência é que a gente sempre discute e combina as questões. Continuarei totalmente receptivo a sugestões."

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Outro ponto sensível é a denúncia dos filhos do presidente da República, incluindo um dos membros da CPI, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). Pela difusão de fake news, com ele também devem ser enquadrados o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

A recomendação de Calheiros é de indiciamento dos três por, segundo o senador, contribuírem para o agravamento da epidemia ao promoverem, por exemplo, o uso de medicamentos ineficazes como solução para a cura da Covid. "Tem materialidade para a indicação da continuidade da investigação", defendeu o relator. 

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Reações

Tanto o presidente Bolsonaro quanto Flávio já se manifestaram contra o parecer de Calheiros. Segundo Flávio, o texto "não se sustenta" e não passa de uma peça política para desgastar o governo atual. Já o mandatário chamou o relator de "bandido" e minimizou a importância da CPI em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, na sexta (15). "O Renan está achando que eu não vou dormir porque está me chamando de homicida, está de sacanagem", disse o presidente. 

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Ao comentar os ataques, Calheiros disse não estar surpreso. "Nunca esperei de Bolsonaro outra coisa que não fosse insulto, provocação, mentira, compulsão de morte. Ele faça a parte dele que eu faço a minha."

Também estão na lista de indiciados, entre cerca de 40 nomes, o ex-ministro da Saúde general Eduardo Pazuello e o ex-secretário-executivo da pasta coronel Élcio Franco. Dois ministros atuais do governo serão responsabilizados no relatório: Onyx Lorenzoni (Trabalho) e Marcelo Queiroga (Saúde). 

Sobre o atual chefe da Saúde, Calheiros afirmou que o médico "tem sido uma negação sobre qualquer aspecto". O relator da CPI explicou: "Esperávamos que ele contribuísse mais por sua formação, mas, na verdade, só repete o Pazuello. É um novo Pazuello. Mantém a lógica de um manda e o outro obedece, e continua fazendo exatamente o que o outro fez". 

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Pós-CPI da Covid

Na avaliação de Calheiros, a CPI será capaz de fechar um relatório sólido, traçando uma linha cronológica dos tropeços do governo no enfrentamento à Covid-19. "A CPI já impactou a vida nacional de muitas maneiras. Talvez o maior tenha sido a agilização do calendário de vacina. Saímos da condição na qual o presidente da República dizia que não ia comprar vacina, depois que quem tomasse a vacina viraria jacaré, o homem afinaria a voz e na mulher nasceriam pelos", disse o senador, destacando que, quando os trabalhos da comissão começaram, apenas 6% da população estava com o esquema vacinal completo e que, atualmente, o índice passa de 60%.

"Vamos fazer o aprimoramento da legislação para preparar o Brasil para que, toda vez que tiver que enfrentar uma pandemia, não se faça com a irresponsabilidade e desvios de conduta que se fez agora", continuou Calheiros. A ideia, para isso, é criar a Frente Parlamentar Observatório da Pandemia de Covid-19

Calheiros não confirmou se comandará os trabalhos, mantendo uma relatoria, mas colocou-se à disposição. "Nunca postulei ser relator [da frente]. Se os companheiros entenderem que eu tenho que continuar cumprindo determinada função, de que forma for, eu estou disposto a colaborar, mas não vou postular nada." 

A iniciativa tem por objetivo cobrar providências das autoridades sobre as recomendações do relatório da comissão e servir como um canal permanente de denúncias, além de conduzir novas investigações no âmbito do enfrentamento à pandemia.

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