Governo autoriza uso da Força Nacional na Terra Yanomami
Agentes vão atuar por 90 dias em apoio à Polícia Federal para garantir a ordem pública e a proteção de pessoas
Brasília|Do R7, em Brasília
![Indígenas enfrentam crise sanitária na Terra Yanomami, em Roraima](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/GVO6IJ3TTNLBTM53WPMSAPSJBA.jpg?auth=6c598f00f5dc9113f2fdffc432bd664008f40bca089d3ab339e78d3b4c1316d1&width=1170&height=700)
O Ministério da Justiça autorizou o uso da Força Nacional em apoio à Polícia Federal na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, por 90 dias. Os agentes devem trabalhar em ações para garantir a ordem pública, além da proteção de pessoas e de bens públicos e privados. A portaria foi publicada nesta terça-feira (18) no Diário Oficial da União.
Maior reserva indígena do país, a Terra Yanomami possui cerca de 10 milhões de hectares distribuídos entre os estados de Roraima e Amazonas. São ao menos 371 comunidades e quase 30 mil indígenas.
Indígenas da etnia Yanomami receberam atendimento das Forças Armadas Brasileiras nesta quarta-feira (1º), no município de Alto Alegre, em Roraima, no combate à pandemia de covid-19. Na imagem, médico do time das Forças Armadas examina uma membro da tr...
Indígenas da etnia Yanomami receberam atendimento das Forças Armadas Brasileiras nesta quarta-feira (1º), no município de Alto Alegre, em Roraima, no combate à pandemia de covid-19. Na imagem, médico do time das Forças Armadas examina uma membro da tribo Yanomami, em meio a pandemia do novo coronavírus, no 4º Pelotão da Fronteira Surucucu do Exército Brasileiro
A região vem enfrentando uma crise humanitária sem precedentes, com casos de desnutrição, malária e outras doenças atribuídas à degradação ambiental causada pelo avanço do garimpo ilegal de minérios na região.
Conforme dados do Ministério da Saúde, 570 crianças de até 5 anos morreram de doenças evitáveis na região ocupada pelos indígenas entre 2019 e 2022, um aumento de 29% em relação ao período entre 2015 e 2018.
Crise sanitária
Desde o dia 20 de janeiro, a área está sob estado de emergência em saúde pública de importância nacional, após relatos de casos graves de desnutrição e desidratação dos indígenas.
Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostram que 8 de cada 10 crianças indígenas com menos de 5 anos na Terra Yanomami sofrem de desnutrição. O garimpo ilegal e a ausência de medicamentos e políticas de saúde agravam a situação da comunidade, localizada no meio da floresta amazônica.
Segundo dados divulgados pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em 2020, foi registrada a morte de mais de 700 crianças em terras indígenas pelo país, a maioria por doenças e desnutrição.
Crédito extraordinário
No início do mês, o governo federal editou medida provisória para liberar crédito extraordinário de R$ 640 milhões para os ministérios da Justiça, do Meio Ambiente, da Defesa, do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome e dos Povos Indígenas, para custear ações voltadas para os povos indígenas.
Segundo o governo, a liberação da verba atende à decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou à União medidas emergenciais de assistência aos povos yanomami, karipuna e kayapó, entre outros.
Barroso é relator da ação ajuizada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) que denunciou violações dos direitos humanos contra o povo yanomami e invasão de terras indígenas pelo garimpo ilegal.