Ministro diz que será 'desafiador' solucionar crise yanomami
Em visita a Roraima, Silvio Almeida destacou a extensão da destruição causada pelo garimpo ilegal na área indígena
Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília
Em visita ao território yanomami, o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, disse que vai ser "desafiador chegar a uma solução" para a crise humanitária que atinge os indígenas da região. Desde 20 de janeiro, a área está sob estado de emergência em saúde pública após uma série de mortes de indígenas causadas por desnutrição e desidratação.
“Lá de cima deu para ver um pouco do tamanho da destruição causada pelo garimpo ilegal. Será desafiador chegar a uma solução para esse problema, que, de fato, é bastante sério, mas vamos trabalhar com os outros ministérios para resolver o mais rapidamente possível”, afirmou o ministro.
Silvio Almeida sobrevoou o território nesta quinta-feira (9) e disse que todas as agendas realizadas na região farão parte de um relatório que mostrará as necessidades da população após denúncias de violação de direitos humanos dos povos indígenas.
Combate ao garimpo ilegal
A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (10) a Operação Libertação, de combate ao garimpo ilegal nas terras yanomamis. O foco da corporação é erradicar a prática do garimpo ao inutilizar a infraestrutura instalada no local e destruir maquinários.
As ações são realizadas por uma força-tarefa com agentes governamentais, liderada pelas Polícia Federal e composta de Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), Força Nacional e Ministério da Defesa.
Crise na Terra Indígena Yanomami
A Terra Indígena Yanomami, a maior do Brasil em extensão territorial, tem uma população de 30,5 mil indígenas, sendo pelo menos 5.600 crianças com menos de 5 anos. Desde o dia 20 de janeiro, a área está sob estado de emergência em saúde pública de importância nacional, após relatos de casos graves de desnutrição e desidratação dos indígenas.
Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostram que 8 de cada 10 crianças indígenas com menos de 5 anos na Terra Yanomami sofrem de desnutrição. O garimpo ilegal e a ausência de medicamentos e políticas de saúde agravam a situação da comunidade, localizada no meio da floresta amazônica.
Segundo dados divulgados pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em 2020, foi registrada a morte de mais de 700 crianças em terras indígenas pelo país, na maioria por doenças e desnutrição.