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Novas regras fiscais, embate com Banco Central e preocupação com emprego marcam 100 dias de Lula

Retomada de programas sociais e anúncio da volta do PAC, que deve ser relançado nesta segunda, também se destacam

Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília

Presidente Lula em foto oficial com a faixa presidencial no Palácio do Planalto
Presidente Lula em foto oficial com a faixa presidencial no Palácio do Planalto Presidente Lula em foto oficial com a faixa presidencial no Palácio do Planalto

A terceira gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) completa 100 dias nesta segunda- feira (10). Em pouco mais de três meses de governo, o petista repetiu políticas que marcaram as primeiras passagens dele pelo Palácio do Planalto, como o fortalecimento de programas sociais para a população mais desassistida, e travou embates com o Banco Central em busca de um cenário mais favorável para o crescimento controlado dos gastos públicos.

O governo fez esforços para ampliar a criação de despesas neste início do mandato de Lula. A defesa do presidente por uma política fiscal expansionista visa gerar mais postos de trabalho e aumentar a renda da população, um dos maiores desafios do governo e um dos principais temas de campanha do petista.

Nos dois primeiros meses do ano, o índice de desocupação aumentou, e hoje o país tem ao menos 9,2 milhões de desempregados. Além disso, em fevereiro, o país gerou 241.785 empregos com carteira assinada, o mais baixo número para o mês desde 2020. 

Em busca de índices mais positivos para a atividade econômica e na tentativa de diminuir o número de pessoas sem emprego, o presidente deve apresentar nesta segunda um novo formato do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que foi adotado na segunda gestão dele. A iniciativa será composta de investimentos federais, concessões e um incentivo a novos projetos de parceria público-privada (PPP).

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A preocupação do governo é com o crescimento do PIB neste ano. No momento, a previsão é de alta de 1,61%, número inferior ao resultado da economia em 2022, quando o PIB avançou 2,9%. Segundo a gestão de Lula, o atual patamar de 13,75% da Selic, a taxa básica de juros da economia, impossibilita um crescimento maior. O Executivo pressiona o Banco Central a reduzir o índice, mas a entidade espera um cenário fiscal mais seguro para promover cortes.

O embate com a autoridade monetária foi um dos destaques desses 100 dias. Lula e ministros questionaram a atuação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O atrito não agradou ao mercado financeiro, e desde o início do ano o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, caiu cerca de 8%.

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A aposta para mudar isso está em uma nova proposta de regra fiscal para as contas do país, apresentada na semana passada. Entre outros pontos, o projeto estabelece metas para reduzir a dívida do país e permite ao governo usar mais dinheiro público com programas e projetos. A forma como a gestão de Lula pretende alcançar isso, entretanto, ainda é motivo de incerteza, em especial porque o desenho da proposta mostra a possibilidade de ampliação da cobrança de impostos.

Aumentar a arrecadação com tributos, inclusive, foi uma preocupação do governo, que no mês passado decidiu acabar com a desoneração de impostos federais sobre gasolina e etanol e taxar exportações de petróleo. Até o fim do ano, o Executivo pretende buscar outras formas de abastecer os cofres públicos com dinheiro de impostos. Um dos principais alvos da gestão Lula são os sites de aposta.

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Entre as principais promessas de campanha firmadas no ano passado, nestes 100 primeiros dias Lula emplacou o retorno de programas que tiveram grande sucesso em gestões anteriores dele, em especial o Bolsa Família, que foi reformulado e pode pagar mais de R$ 1.000, a depender da composição familiar dos beneficiários.

O chefe do Executivo também retomou o Minha Casa, Minha Vida. O novo formato do programa ampliou a chamada Faixa 1, que atende a população mais pobre, para que famílias com renda bruta de até R$ 2.640 sejam contempladas. Antes, o limite era de R$ 1.800.

Uma série de compromissos, no entanto, ainda não foram atingidos, como a ideia de zerar o imposto de renda para quem ganha até R$ 5.000. Inicialmente, o governo vai reajustar a faixa de isenção para pessoas com salário de até R$ 2.640 a partir do ano que vem. Além disso, o presidente afirmou que lançaria um programa de renegociação de dívidas de pessoas inadimplentes, incluídas nos serviços de proteção ao crédito. Contudo, a promessa ainda não saiu do papel.

Nos primeiros 100 dias, o governo também enfrentou desafios na questão ambiental. Segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), foram derrubados 325 km² de floresta em fevereiro, o equivalente ao tamanho de Belo Horizonte. Essa foi a maior devastação registrada para o mês em 16 anos, desde que o instituto de pesquisa implantou um sistema de monitoramento por imagens de satélite.

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O governo reativou o Fundo Amazônia, cujo objetivo é financiar projetos para conservar o bioma, e teve a promessa de receber doações de países como Estados Unidos, Alemanha e Noruega, mas aguarda a contribuição de outras nações. Nesta segunda, para tentar melhorar as ações de preservação da floresta, Lula pretende lançar um plano de ação de prevenção e combate ao desmatamento da Amazônia.

As ações do presidente para proteger minorias tiveram destaque neste início de gestão. Lula reajustou o valor da merenda escolar; retomou o programa Mais Médicos, que vai atuar principalmente em áreas de extrema pobreza; assinou um decreto que obriga órgãos da administração federal a destinar um mínimo de 30% dos cargos em comissão e funções de confiança a pessoas negras; e apresentou um projeto de lei que institui igualdade salarial entre mulheres e homens.

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