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Sem acordo sobre vetos, sessão do Congresso é cancelada

Esta é a terceira vez consecutiva que a sessão conjunta do Congresso Nacional foi adiada; ao todo, 32 vetos estão pendentes de análise

Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília

Pacheco diz que planeja reiniciar discussões sobre desoneração (Jefferson Rudy/Jefferson Rudy/Agência Senado)

A sessão do Congresso Nacional que analisaria os vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a propostas aprovadas pelo Legislativo foi cancelada por falta de acordo entre os líderes partidários. Na prática, o cancelamento da sessão, que deveria acontecer nesta quarta-feira (24), representa uma vitória para o governo, que conseguiu adiar uma possível derrota na votação para a derrubada dos vetos. Entre os itens na pauta estavam os vetos em relação ao projeto que restringe as saídas temporárias de presos e o que impediu o empenho de R$ 5,6 bilhões em emendas parlamentares.

Ao anunciar o cancelamento da sessão, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que “não havia o mínimo de consenso” sobre as matérias. A próxima sessão deve ocorrer entre os dias 7 e 9 de maio. “É uma data definitiva e não tem mais possibilidade de adiamento, avisei isso ao líder [do governo no Congresso], Randolfe Rodrigues”, completou.

Mais cedo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), havia defendido a realização da sessão. De acordo com ele, o Congresso já teve tempo suficiente para deliberar sobre os vetos presidenciais.

“O que nós acertamos na Câmara, por maioria dos líderes, é que a Câmara estava pronta para votar os vetos. Eu penso que já houve tempo suficiente para que as bancadas maturem os vetos. Se determinados assuntos não mudaram ou não mudarão, é melhor que nós resolvamos logo, para que o governo, depois, em outras situações, não fique apertado no seu calendário de votações ou projetos que possam tramitar na Casa”, afirmou.

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Esta é a terceira vez no ano que a sessão do Congresso é adiada. Ao todo, 32 vetos a projetos do Congresso Nacional assinados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pelo presidente Lula estão pendentes de análise.

Impasse entre Governo e Congresso

A sessão chegou a ser marcada para um horário mais tarde que o habitual para viabilizar o acordo entre o governo e Congresso. A negociação envolvia a possibilidade de o Senado aprovar um projeto para a retomada do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais por Veículos Automotores Terrestres (o antigo DPVAT). No entanto, a matéria teve a votação adiada na Casa Alta por falta de relatório da Comissão de Constituição e Justiça.

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O governo tem reiterado a necessidade de aprovar o projeto do DPVAT, argumentando que os recursos são essenciais para custear a liberação de emendas parlamentares. Isso porque, segundo a base governista, o projeto podia abrir espaço de R$ 15 bilhões de crédito.

Anteriormente, o governo sinalizou que havia espaço para uma derrubada parcial ao veto das emendas na LOA (Lei Orçamentária Anual). Do total de 5,6 bilhões em emendas vetadas, seriam liberados R$ 3,6 bilhões.

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Veto às “saidinhas” de presos e gratuidade no despacho de bagagens

“Saidinhas” de presos

O governo também tenta articular a manutenção do veto a um trecho da lei que limita as saídas temporárias de presos do regime semiaberto em datas comemorativas, como Natal, Dia das Mães e Dia das Crianças. Com o veto, Lula permitiu as chamadas “saidinhas” para presos visitarem as famílias, mas a decisão gerou reação da bancada de parlamentares ligados à segurança pública.

A saída temporária é um benefício previsto no artigo 122 da Lei de Execuções Penais e se aplicava à maioria dos condenados em regime semiaberto que tivessem cumprido pelo menos um quarto da pena.

A tentativa de endurecer a lei tramita no Legislativo há mais de uma década, mas ganhou apelo após o assassinato do sargento da Polícia Militar de Minas Gerais Roger Dias por um presidiário que descumpria o prazo do benefício.

Despacho gratuito de bagagens

O governo Lula articula para que os parlamentares mantenham o veto presidencial do governo Bolsonaro que impediu o despacho gratuito de bagagens em viagens aéreas. A gratuidade no despacho de bagagens foi vetada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em junho de 2022. Na ocasião, o Congresso aprovou uma lei que flexibilizava as normas do setor aéreo, e um dos artigos proibia as companhias aéreas de cobrar taxas pelo despacho de malas.

O governo vetou esse trecho sob o argumento de que a gratuidade ia contra o interesse público e que, na prática, resultaria em um aumento nos preços das passagens aéreas.

O peso das bagagens variava conforme o trajeto, com limites de até 23 quilos em voos nacionais e 30 quilos em voos internacionais. Desde 2017, as companhias aéreas têm permissão para cobrar pelo despacho de malas. Naquela época, as empresas justificavam que essa cobrança ajudaria a reduzir os preços das passagens, o que não ocorreu.

PL da taxação dos fundos offshore

Outro veto que deve ser analisado foi a um trecho da lei de taxação dos fundos offshore, que ficou conhecido como “PL dos super-ricos”. Lula vetou a parte do texto que definia bolsas de valores e mercados de balcão como “aqueles que operam como sistemas centralizados multilaterais de negociação”. O governo justificou que essa definição deixaria de regular outros participantes que operam com sistemas bilaterais de negociação.

O presidente Lula decidiu vetar um trecho da lei de taxação dos fundos offshore, especificamente o que define o que é uma bolsa de valores para efeitos de investimentos mínimos em fundos de investimento em ações. Na mensagem do veto, o chefe do governo afirmou que o texto aprovado pelo Congresso “restringe excessivamente a definição”, já que foram contemplados “apenas os sistemas centralizados multilaterais de negociação”, excluindo os sistemas centralizados bilaterais de negociação.

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