Vídeo: Animais silvestres vivem no Parque Nacional de Brasília
Pesquisadores da UnB registraram imagens de várias espécies ameaçadas de extinção no parque conhecido como Água Mineral
Brasília|Priscila Mendes, do R7, em Brasília
Prestes a completar 60 anos, o Parque Nacional de Brasília, conhecido como Água Mineral, tem sido abrigo para muitos animais silvestres. Além de onça-pintada, pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) registraram a presença de outras seis espécies na reserva. Imagens de monitoramento, feitas no fim de setembro, mostram que o local abriga animais como tatu-canastra, tamanduá-bandeira, onça-parda, veado-campeiro, anta e morcego da espécie Lonchophylla dekeyseri. Todos em perigo de extinção.
Esses são os primeiros registros feitos com câmera trap no parque. O equipamento é montado em uma caixa de plástico camuflada com lentes e sensores de movimento. As captações foram feitas dentro da área de preservação, bem afastada dos locais de visitação. Ou seja, os animais não oferecem risco aos frequentadores da Água Mineral de Brasília.
As descobertas foram possíveis graças a uma pesquisa desenvolvida pela doutoranda em ecologia pela UnB Priscilla Petrazzini. Inicialmente, ela instalou 30 câmeras de sensor ao longo do parque para investigar a distribuição de tamanduás. Não imaginava que encontraria tantas espécies na unidade de conservação.
A pesquisadora, no entanto, alerta para constantes ameaças externas aos animais, como caçadores, cachorros domésticos e pessoas que invadem as áreas de acesso restrito. “Isso afeta a distribuição da fauna. A presença de cachorros domésticos em áreas de proteção, por exemplo, tem sido motivo de alerta, pois esses animais competem com outros carnívoros por alimentos e transmitem doenças, como cinomose e sarnas, às espécies nativas”, alerta Priscilla Petrazzini.
Por causa das invasões, as pesquisas com a fauna e flora no Parque Nacional também têm sido comprometidas. Há relatos de roubos e destruição de equipamentos da pesquisa. “Além de prejudicar os estudos, é um prejuízo econômico para uma área que já não possui muitos recursos”, completa a doutoranda.
Para manter a conservação dos recursos hídricos e das espécies que habitam o Parque Nacional de Brasília, Ludmilla de Souza Aguiar, pesquisadora e professora do Instituto de Ciências Biológicas da UnB, afirma que é preciso aumentar a vigilância no local, realizar projetos de castração e vacinação de cachorros dos moradores ao redor do parque, além de orientar a população a visitar apenas as áreas permitidas.
“São registros muito positivos, pois demonstram que, apesar do crescimento urbano e do aumento do impacto antrópico, a espécie persiste na região. É um indicativo de que a unidade de conservação está cumprindo a sua função, servindo de abrigo, um sinal de saúde do ecossistema. Contudo, a ameaça da permanência do indivíduo na área existe. Com a conversão das áreas naturais do entorno, a dispersão é dificultada e os indivíduos acabam se isolando, o que compromete a viabilidade dessas populações”, aponta Ludmilla de Souza Aguiar.
“Com a colaboração de todos os setores, será possível garantir a qualidade ambiental do parque e a permanência das espécies que ali vivem a longo prazo”, complementa a professora.