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BC mantém taxa básica de juros em 13,75% pela sétima vez seguida

Mercado prevê para agosto o início do ciclo de flexibilização, um ano após finalizar o aperto monetário mais longo de sua história 

Economia|Do R7

Sede do Banco Central, em Brasília
Sede do Banco Central, em Brasília

Apesar da forte ofensiva do governo e de empresários em prol da queda dos juros, o Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, decidiu nesta quarta-feira (21) manter a taxa básica, a Selic, em 13,75% ao ano pela sétima vez seguida, desde agosto de 2022.

O comunicado do Banco Central reforçou que continua a adotar "cautela e parcimônia", mas não trouxe indicação de queda na próxima reunião, como era esperado por boa parte do mercado.

"O Comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária e relembra que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos", afirmou o BC, em nota, após a reunião do Copom.

A maioria do mercado prevê que o BC inicie o ciclo de flexibilização em agosto, exatamente um ano após finalizar o aperto monetário mais longo de sua história. Desde a reunião do Copom em maio, um conjunto de notícias favoráveis se acumulou no cenário inflacionário e foi reconhecido por membros do colegiado. A aposta é uma em sequência de quatro quedas no segundo semestre.


"Chama atenção no comunicado o fato de o comitê ainda não sinalizar que teremos corte de juros na próxima reunião, o que vai contra o que o mercado esperava e revela o tom hawkish do comunicado. Todavia, na minha visão, o cenário atual está melhor que o esperado, e isso deve se materializar em corte em algum momento no ano de 2023", avalia o economista Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos.

Histórico

Iniciada em março de 2021, a escalada da taxa Selic até o maior patamar desde o fim de 2016 teve o objetivo de conter o avanço da inflação. No período, 12 altas seguidas resultaram na elevação dos juros básicos de 2% para 13,75% ao ano, nível atingido em agosto de 2022 e mantido até agora.


O último recuo da Selic ocorreu em agosto de 2020, quando a taxa passou de 2,25% para 2% ao ano, o menor patamar da história. O nível persistiu até março de 2021, quando a alta da inflação resultou em 12 altas consecutivas dos juros básicos até o atual patamar, o maior nível dos últimos seis anos.

Críticas

A manutenção dos juros no maior nível dos últimos seis anos é alvo de críticas de toda a equipe econômica do governo federal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a cobrar do Banco Central, na segunda-feira (19), a diminuição da taxa básica de juros da economia.


Lula afirmou ainda que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, deve explicações à sociedade e ao Senado pelo atual patamar da taxa de juros.

"Apenas o juro precisa baixar, porque também não tem explicação. O presidente do Banco Central precisa explicar, não a mim, porque eu já sei por que ele não baixa, mas explicar ao povo brasileiro e ao Senado, que o elegeu, por que ele mantém essa taxa de juros de 13,75%, num país que está com inflação anual de 5%”, disse o presidente em uma live nas redes sociais.

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A fala de Lula foi acompanhada pelos analistas do mercado financeiro. De acordo com o Relatório Focus, a expectativa é que o primeiro corte dos juros, de 0,25 ponto percentual, ocorra em agosto.

As perspectivas de queda levam em conta o recente arrefecimento da inflação, que subiu em ritmo menor nos últimos três meses, e o avanço no Congresso Nacional da tramitação das novas regras fiscais apresentadas pelo governo.

Após a primeira baixa, os analistas preveem que haverá novos recuos nos meses de setembro (0,25 ponto), novembro (0,5) e dezembro (0,5), movimento que, se confirmado, levará a Selic a 12,25% ao ano na entrada de 2024.

Para o economista Alessandro Azzoni, advogado e conselheiro da Associação Comercial de São Paulo, a manutenção da taxa de juros alta prejudica o mercado. "O custo do dinheiro para capital de giro fica caro e é repassado com custo aos produtos. Os consumidores, que já perderam o poder de compra, não conseguem crédito, pois os juros bancários e de financeiras são exponencialmente mais altos que a Selic, sem contar os 78% da população que se encontra endividada e 29% inandimplente", afirma Azzoni.

"O Banco Central busca manter a inflação dentro da meta, fato que está conseguindo; por outro lado, as atividades econômicas começam a sentir o efeito. A indústria, em maio, sinalizou um aumento expressivo nos estoques. Isso quer dizer que a indústria está produzindo e não está vendendo. O setor de varejo sente o mesmo reflexo de os estoque se manterem. Com isso, por exemplo, um estoque que girava em torno de 32 dias hoje gira 43 nos supermercados, logo se faz necessário o ajuste do mercado. Isso quer dizer que o varejo vai comprar menos da indústria", acrescenta o conselheiro da Associação Comercial de São Paulo.

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Entenda a Selic

A taxa básica é a mais baixa da economia e funciona como piso para os demais juros cobrados no mercado. Ela é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.

Em linhas gerais, a Selic é a taxa que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo a empresas ou consumidores em forma de empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram em contratos de crédito são sempre superiores à Selic.

A taxa básica também é o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, perto da meta estabelecida pelo governo. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam alternativas de investimento.

Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.

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