Confiança do setor de serviços recua ao menor nível desde junho
Recuo do otimismo dos empresários do setor mais importante da economia nacional ocorre com a piora das avaliações sobre o momento atual e das expectativas futuras, mostra FGV
Economia|Do R7
O ICS (Índice de Confiança de Serviços) caiu 2,6 pontos em outubro, para 99,1 pontos. Trata-se do menor patamar desde junho (98,7 pontos), segundo dados apresentados nesta sexta-feira (28) pela FGV (Fundação Getulio Vargas).
De acordo com Rodolpho Tobler, economista do Ibre (Insitito Brasileiro de Economia), o resultado que coloca o indicador novamente abaixo dos 100 pontos após três meses é consequência de uma piora das avaliações sobre o momento atual e das expectativas futuras.
Para o pesquisador, o setor mais importante da economia nacional parece começar a dar sinais de desaceleração, com a projeção da redução de demanda nos próximos meses principalmente nos serviços profissionais e de informação e comunicação, e na tendência futura dos negócios.
"Os próximos meses devem ser cruciais para confirmar a direção do setor todo considerando o cenário macroeconômico desafiador e a expectativa de uma economia mais fraca na virada para 2023", avalia Tobler. No mês, o ISA (Índice de Situação Atual) recuou 1,8 ponto, para 100 pontos. Após sete meses seguidos de alta, o IE (Índice de Expectativas) caiu 3,5 pontos, para 98,2 pontos.
A queda do otimismo também não foi uniforme entre os segmentos. Novamente, os serviços prestados às famílias deram sinais positivos sobre a confiança e alcança o maior nível desde 2011 Por outro lado, a agregação dos outros segmentos de serviços caiu mais uma vez, abrindo a distância entre esses dois índices.
“A queda da confiança dos demais segmentos pode estar indicando o início de uma desaceleração do setor, e que seria mais forte se não fosse a alta de serviços prestados às famílias que pode ter ainda uma certa demanda reprimida”, completa Tobler.
Comércio
A FGV mostra ainda que o ICOM (Índice de Confiança do Comércio) voltou a cair em outubro após dois meses de alta. A baixa, de 3,8 pontos em outubro, também faz o indicador aparecer novamente abaixo dos 100 pontos, ao passar de 101,8 para 98 pontos.
Assim como ocorre com os serviços, a queda nas percepções do mês são resultado tanto na percepção sobre o momento presente quanto com as expectativas com os próximos meses. "Chama a atenção a percepção dos empresários de piora no volume de demanda atual, sugerindo certa desaceleração no ritmo de vendas do setor", afirma Tobler.
O pesquisador avalia que o cenário para os próximos meses ainda é incerto. "No curto prazo, existem notícias favoráveis do mercado de trabalho, da confiança dos consumidores e da desaceleração da inflação. Por outro lado, o cenário macroeconômico ainda é delicado e a expectativa de desaceleração da economia na virada do ano deve afetar o setor”, pondera ele.
A queda da confiança em outubro foi disseminada nos seis principais segmentos do comércio. O ISA (Índice de Situação Atual) caiu 3,4 pontos para 102,3 pontos, menor desde maio (101,1 pontos). Já o IE (Índice de Expectativas), recuou 4,1 pontos, para 93,8 pontos, menor nível desde julho (84,8 pontos).