Dólar cai a R$ 4,76, e bolsa fecha na máxima desde abril de 2022
Com queda de 0,56%, moeda tem a menor cotação de fechamento desde 31 de maio de 2022, quando atingiu R$ 4,7542
Economia|Do R7
Com os investidores à espera da decisão do Banco Central sobre a Selic, o dólar à vista teve uma nova sessão de perdas em relação ao real nesta quarta-feira (21), em sintonia com o cenário externo, no qual a moeda americana também cedia, após comentários do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, sobre a inflação nos Estados Unidos.
O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,7681 na venda, com baixa de 0,56%. Esta é a menor cotação de fechamento desde 31 de maio de 2022, quando atingiu R$ 4,7542.
Após os recuos das últimas semanas, o dólar à vista chegou a ensaiar uma recuperação na manhã desta quarta, enquanto investidores aguardavam pelo depoimento de Powell à Câmara americana.
Às 9h39, a divisa atingiu a cotação máxima da sessão, R$ 4,8173 (+0,47%), mas a partir daí passou a perder força, como vem ocorrendo, com investidores enxergando pouco espaço para um dólar mais elevado.
Já o Ibovespa fechou em alta, acima dos 120 mil pontos pela primeira vez desde abril de 2022, em sessão marcada por expectativas em relação à decisão de política monetária do BC, em especial os sinais sobre o rumo da Selic à frente, tendo a Petrobras entre os principais suportes.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,67 %, a 120.420,75 pontos, máxima de fechamento desde 4 de abril de 2022. No melhor momento do dia, chegou a 120.518,52 pontos. Na mínima, a 119.332 pontos.
O volume financeiro no pregão somou R$ 27,8 bilhões.
O Comitê de Política Monetária do BC anuncia, ainda nesta quarta-feira, o desfecho de sua reunião de dois dias; e em meio a apostas de manutenção da Selic em 13,75%, o comunicado deve concentrar as atenções, em especial após o mercado ter migrado recentemente as apostas do primeiro corte de juros para agosto.
"Esperamos que o Copom altere alguns elementos de sua comunicação, começando a dar sinais na direção de início do ciclo de cortes de juros", afirmaram economistas do Bradesco, estimando manutenção da Selic em 13,75% nesta reunião, com o primeiro corte ocorrendo entre agosto e setembro.
A equipe de economia do Itaú Unibanco também vê o BC mantendo a Selic em 13,75% e ajustando sua comunicação, mas avalia que a autoridade monetária ainda não sinalizará com um corte de juros iminente, conforme relatório a clientes, em que afirma ver o início dos cortes apenas em setembro.
Na Bolsa, a perspectiva de queda da Selic no segundo semestre tem apoiado um desempenho mais positivo no pregão, com estrangeiros reforçando tal movimento nas últimas semanas. Dados da B3 mostram que as compras de estrangeiros superam as vendas em quase R$ 7,7 bilhões neste mês até o dia 19.
De acordo com estrategistas do JPMorgan, a maior parte da alta no último mês refletiu a cobertura de posições vendidas, em meio a um maior otimismo com o cenário macro. "Os estrangeiros demoraram um pouco para entrar, mas o fizeram de maneira grande e rápida nos últimos dias", observou.
Para Emy Shayo e Cinthya Mizuguchi, conforme relatório enviado a clientes, o fluxo de recursos para o mercado acionário brasileiro deve continuar a se consolidar, embora elas ponderem que seja necessário ver um fim dos fortes resgates que ainda estão sendo observados nos fundos dedicados a ações locais.
Na expectativa do Copom, o avanço da nova regra fiscal no Senado também esteve no foco, com aprovação do texto na Comissão de Assuntos Econômicos. A proposta agora irá ao plenário, para ser votada provavelmente ainda nesta quarta, mas com mudanças que podem obrigar o retorno da matéria à Câmara dos Deputados.
No exterior, em depoimento a parlamentares no Capitólio, o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que novos aumentos de juros pelo BC americano são "um bom palpite" sobre para onde a autoridade monetária dos Estados Unidos está indo se a economia continuar em sua direção atual.
Ao final de três horas de audiência perante o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados, Powell disse que não caracterizaria a decisão do Fed na semana passada, de não aumentar a taxa básica de juros, como uma "pausa" e destacou o fato de que a maioria das autoridades vê mais dois aumentos de 0,25 ponto percentual como prováveis até o fim do ano.