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Inflação e pandemia impõem desafio para reajustar aluguel em shoppings

Cerca de 11 mil lojas fecharam as portas nos centros de compras em 2020 e cenário pode piorar com segunda onda do coronavírus e mais restrições 

Economia|Pietro Otsuka, do R7


Cerca de 10% das lojas em shoppings fecharam as portas
Cerca de 10% das lojas em shoppings fecharam as portas

Cerca de 11 mil lojas, das 110 mil presentes nos 577 shopping centers do país, fecharam as portas neste ano por conta dos impactos da pandemia do novo coronavírus. Esse é o diagnóstico do setor, de acordo com o presidente da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping), Nabil Sahyoun.

Entre os lojistas que conseguiram sobreviver, o reajuste dos alugueis, que tem o IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) como índice de correção, aliado à segunda onda de infecções e mais restrições impostas por governadores e prefeitos, impõe um novo desafio para continuar o negócio.

"Nós tivemos, desde o ínicio da pandemia, lá pela primeira quinzena de março, por volta de 11 mil lojas que não conseguiram manter seus negócios no Brasil", relata Sahyoun.

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"Ou seja%2C das 110 mil lojas que atuam nos 577 shopping centers ao redor do país%2C 10% foram fechadas"

(Nabil Sahyoun, presidente da Alshop)

Por outro lado, a Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), afirma que, entre os meses de abril (início da pandemia) e outubro deste ano, 6 mil lojas, das 11 mil que encerraram operações, foram recuperadas. O dado consta de um levantamento da própria entidade.

"Foram identificadas 1.130 marcas, de 40 segmentos, que anunciaram inaugurações em shopping centers. Além disso, outras 293 marcas já anunciaram lojas que serão inauguradas em breve", diz presidente da Abrasce, Glauco Humai.

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Entre os segmentos de maior destaque nesse momento de recuperação, estão alimentação e bebidas, que concentra 21% das marcas inauguradas, seguido por vestuário (21%); artigos do lar e decoração (8%); perfumaria e cosméticos (7%); serviços de estética e beleza (6%) e calçados (6%).

"Com este movimento de entrada de novas marcas%2C a vacância atual do setor está mantida na faixa de 8%%2C índice ainda positivo se considerarmos o cenário da pandemia"

(Glauco Humai, presidente da Abrasce )

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Mauro Francis, diretor jurídico da Ablos (Associação Brasileira dos Lojistas Satélites) e dono de uma rede de vestuário feminino, também estima uma redução considerável no número de lojas em shopping centers, com base no que foi verificado com os associados da Ablos, mas afirma que o setor já começou a se recuperar.

"A gente teve, de 19 de março até a reabertura do comércio em junho, um faturamento zero. Depois, o aumento foi bem gradual. Sobre o número de lojas, na comparação com o que tínhamos antes da pandemia, alguns empreendimentos já chegaram no mesmo patamar do ano passado, mas a maioria está entre 70% e 80% do que era antes, depende do segmento. Foi um ano muito complicado", análisa Francis. 

Reajuste do aluguel

Além do fechamento de lojas, o comércio dentro dos shopping centers passa por outro conflito: o reajuste nos preços de aluguéis. 

O reajuste é feito com base no IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), indicador normalmente usado para calcular o aumento dos contratos no Brasil. 

Em novembro deste ano, o acumulado dos últimos 12 meses do IGP-M alcançou 24,52%, ou seja, o valor a ser pago de aluguel, a partir de dezembro, para contratos que se encerram em novembro de 2020, vão ficar quase 25% mais caros. Claro que é possível ao inquilino negociar com o proprietário.

Isso inclui as lojas que estão presentes em shopping centers e outros espaços comerciais. 

Para Francis, da Ablos, é uma "afronta" usar o IGP-M para o reajuste nos contratos de aluguel em lojas, especialmente com o fator pandemia, que causou grandes impactos negativos na economia mundial. 

"Nesse cenário de 2020%2C com pandemia%2C comércio fechado há quatro meses e retração da economia é uma afronta. Não tem nexo reajustar o aluguel com base no nesse índice%2C a base de formação do IGP-M tem indicadores que não retratam a questão do consumo do varejo"

(Mauro Francis, diretor jurídico da Ablos)

O presidente da Alshop afirma que muitos dos empreendimentos deram isenção do aluguel para os lojistas, além de descontos. No entanto, ele entende a situação que envolve a alta do IGP-M e prega o bom senso para os dois lados.

"Administrar é ter bom senso. Eu entendo que o IGP-M nas alturas é uma situação muito incômoda para o lojista, principalmente pelo momento que estamos passando. O que tem que haver é um acordo, uma negociação. A crise afetou todo mundo, então é bom senso", ponderou Nabil. 

De acordo com a Abrasce, as administradoras de shopping centers já abateram mais de R$ 5 bilhões em adiamento e suspensão de despesas aos lojistas considerando aluguéis, condomínios e fundos de promoção. 

"Desde o início da pandemia%2C os shoppings sempre estiveram abertos ao diálogo%2C buscando entender a realidade dos lojistas%2C caso a caso%2C respeitando a particularidade de cada contrato e prezando pelo bom senso de ambas as partes"

(Glauco Humai, presidente da Abrasce )

Francis também propõe o diálogo entre as lojas associadas e os empreendimentos, no entanto, ele afirma que alguns lugares estão reajustando o aluguel de acordo o IGP-M. Uma alternativa, segundo Francis, é adotar o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). 

"Eu coloquei, para os nossos associados, para que eles formalizem aos empreendedores para que fosse aplicado o IPCA para os reajustes em 2020, que retrata muito mais a realidade do comércio. O que orientamos aos lojistas é que, antes de receber o boleto, que eles já solicitassem ao empreendimento que não praticasse o IGP-M, porque é inviável", afirma o diretor jurídico da Ablos. 

Um precisa do outro

Nabil Sahyoun ressalta que o shopping não tem interesse que o lojista saia e entende que o IGP-M mais alto do que o normal é prejudicial. "A reposição hoje é difícil. O que a gente sugere é que os dois lados encontrem uma solução que seja adequada e satisfaça ambas as partes", diz. 

Humai afirma que os empreendedores e administradores de shoppings seguem comprometidos com os lojistas, "em conversas e apoio constantes, para dar a eles fôlego neste momento desafiador". "No entanto, é importante ressaltar que o setor respeita a livre concorrência e age em conformidade com a Lei de Defesa da Concorrência", pondera o presidente da Abrasce.

"O cenário de retomada, vindo uma segunda onda e o governo de São Paulo voltando para a fase laranja, é muito mais difícil. Ninguém quer entrar na Justiça, a gente quer que o empreendimento tenha o mínimo de consciência", finaliza o diretor jurídico da Ablos. 

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