Petrobras não descarta importar diesel da Rússia em caso de escassez do combustível
REUTERS/Sergio MoraesPara garantir o abastecimento de diesel no país, a Petrobras avalia "todas as possibilidades do mercado", incluindo a compra de combustível russo, em caso de um horizonte de oferta apertada. A afirmação é do diretor de Comercialização e Logística da petrolífera, Cláudio Mastella, em resposta a jornalistas que fizeram perguntas sobre o assunto.
Ele afirmou que, até o momento, a empresa tem comprado dos fornecedores tradicionais, como os Estados Unidos, mas que ela está atenta à situação global da oferta do produto.
"Nós temos escritórios na Europa, nos EUA, em Singapura, que conseguem monitorar todo o mercado. A gente está o tempo todo avaliando alternativas", disse.
Um pouco antes, em uma conferência com investidores, o diretor afirmou prever um cenário de preços elevados para o combustível no segundo semestre, a menos que se consolide uma recessão global.
O óleo diesel é o combustível mais consumido no Brasil. Com a invasão da Ucrânia pela Rússia e as consequentes sanções impostas por países do Ocidente ao petróleo e aos derivados russos, a oferta de diesel se tornou restrita em todo o mundo.
O governo brasileiro não impôs nenhuma sanção aos russos, tendo, inclusive, aumentado a compra de fertilizantes daquele país, para garantir nutrientes para o plantio da próxima safra.
Ao cenário desafiador global se somam interferências na produção de diesel, causadas por paradas programadas para manutenção das refinarias, necessárias à segurança operacional, afirmam os diretores.
A companhia tem quatro paradas programadas para o segundo semestre, das quais duas serão em unidades de hidrotratamento de diesel, responsáveis pela produção de diesel S-10.
A parada da estação da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais, será entre agosto e setembro, e a da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, de setembro a novembro.
Para não impactar mais ainda a produção nacional, a Petrobras adiou uma terceira parada que estava prevista em unidade de hidrotatamento.
"Nós concluímos pela postergação da troca de catalisador do hidrotratamento da Revap, que estamos deslocando de novembro para o primeiro trimestre de 2023", conta Rodrigo Costa Lima e Silva, diretor de Refino e Gás Natural, referindo-se à Refinaria Henrique Lage, de São Paulo.
Mais cedo, os diretores citaram como preocupações relacionadas à oferta de diesel a aproximação do inverno no Hemisfério Norte, que tende a aumentar a demanda pelo produto, e a temporada de furacões nos Estados Unidos, que eleva o risco de interrupções na produção.
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