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Educação

Educação evolui, mas em velocidade lenta, alertam especialistas

Convidados pelo R7, especialistas traduzem os dados da pesquisa divulgada pelo IBGE e apontam caminhos para melhorar o aprendizado

Educação|Karla Dunder, do R7

Dados da Pnad mostram que 50 milhões de brasileiros não concluíram educação básica
Dados da Pnad mostram que 50 milhões de brasileiros não concluíram educação básica

"A educação brasileira evoluiu muito nos últimos 30 anos, mas a velocidade é lenta", avalia o superintendente executivo do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques. O R7 ouviu especialistas para analisar os dados da Pnad Contínua da Educação (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Entre os dados apresentados pela Pnad, 50 milhões de brasileiros não concluíram a educação básica - não concluíram o ensino médio. Por outro lado, o Brasil praticamente conseguiu universalizar o ensino fundamental.

"A Pnad mostra avanços sutis, menores do que gostaríamos de ver" avalia Sonia Dias,coordenadora de Implementação municipal do Itaú Social. "Para que possamos superar desigualdades histórias, o país precisaria avançar com uma velocidade maior."

"Evoluímos na questão do acesso, mas ainda temos grandes desafios na permanência dos estudantes na escola", destaca Henriques. "Temos dois grandes desafios de educação: o primeiro é melhorar a qualidade, alcançar excelência em educação e aprender mais. O segundo, é o desafio de equidade e de redução da desigualdade."


Analfabetismo

A pequisa aponta que o número de pessoas analfabetas em 2019 era de 11 milhões de pessoas. Se comparado aos números de 2018, praticamente não houve mudança: houve uma redução de 0,2 pontos percentuais, o que corresponde a uma queda de pouco mais de 200 mil analfabetos.


"Percebemos uma queda, mas ainda temos um contingente de 11 milhões de brasileiros que não consegue ler uma bula de remédio ou fazer uma lista de compras, são pessoas mais velhas, mesmo assim as taxas são altas", destaca Sonia.

Para Sonia, a pesquisa deixa em evidência as desigualdades históricas do país. "A taxa de analfabetismo entre os brancos é de 3,6%, mas quando olhamos a taxa da população negra, composta por pretos e pardos, esse número é mais que o dobro, está em 8,9%, uma diferença muito grande." 


"Quando falamos de educação, falamos de um grupo de pessoas que vai ter dificuldade em toda a sua vida escolar, talvez abandone a escola e é pouco provável que consigam participar de trabalhos mais qualificados", conclui.

Racismo prejudica a formação e coloca em risco o futuro de jovens brasileiros
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Evasão

O abondono escolar continua alto no Brasil. 20,2% dos jovens não completaram o ensino médio, seja por terem abandonado a escola antes de concluir esta etapa ou mesmo por nunca ter frequentado, 10,1 milhões estão nessa situação — 58,3% homens e 41,7% mulheres. A maioria, 71,7%, é composta por pretos ou pardos e 27,3% são brancos.

Ainda com relação a grupo de jovens, 23,8 milhões de pessoas de 15 a 29 anos com nível de instrução até o superior incompleto não frequentavam escola, curso de educação profissional ou pré-vestibular. A maioria, 53% eram homens e 65,7% de cor preta ou parda.

Entre os homens, o principal motivo apontado é a necessidade de renda e trabalho. Entre as mulheres, as atividades domésticas e a necessidade de cuidar de alguém. "É importante que o governo proporcione renda para a família a fim de estimular a permanência do aluno na escola, desenhando uma política social para reduzir a desigualdade", diz Henriques.

Para Henriques, muitos fatores explicam a evasão escolar. "A vulnerabilidade socioeconômica da família pressiona o jovem a deixar os estudos para trabalhar e o racismo é uma causa transversal desse problema", explica. "Proporcionalmente, os negros estão em famílias mais vulneráveis. Esse número traduz na educação tanto no nível do fluxo como no nível da escolaridade e é talvez a expressão mais nítida de como a desigualdade racial é estrutural na sociedade."

Henriques destaca que para resolver esse problema, "é fundamental que a política educacional reconheça o racismo e forme profissionais de educação que possam dar conta disso ao longo do processo educacional dos estudantes. Dizer que desigualdade é na origem social é um modo de ocultar que ele é racial". 

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